Talvez uma das piores sensações com a qual teremos de lidar, não poucas vezes, em nossas vidas, seja a de que estamos sendo deixados, largados, menosprezados.
Em tempos de belezas plastificadas veiculadas pela mídia, em que a magreza impera e os dentes brancos brilham, nossa autoestima tem várias razões para se fragilizar, porque nós nos olhamos no espelho e vemos que estamos longe do ideal que se dissemina nas telas e nas revistas.
Sentindo-nos menos do que realmente somos, acabamos por querer nos agarrar ao que temos, achando que quem estiver conosco faz um favor.
É como se não tivéssemos nada de tão especial para sermos amados, ou seja, ficamos devendo favores a quem se interessa por nós, afinal, a gente se vê como alguém que não é bonito, que não é inteligente o bastante, alguém que não merece nada, e o que vier é lucro.
Por conta disso, muitos de nós acabamos nos contentando com migalhas, com restos, com sentimentos incompletos, vazios, minguados.
Por conta disso, muitos de nós enterramos quaisquer resquícios de dignidade, humilhando-nos, anulando-nos, sufocando sonhos, por medo de perder até mesmo quem fica por comodismo, por conveniência, por preguiça, por tudo o que não é amor.
Por mais que doa, será preciso desprender-se de muito daquilo que se encontra junto sem ali estar de fato. Ninguém é propriedade do outro, ou seja, todos temos a liberdade de cair fora do que não nos traz mais prazer algum.
E cabe ao parceiro conscientizar-se de que o outro não quer mais ficar ali e será melhor para ambos a separação. Nada, nem lágrimas, nem chantagens, nem apelos, é capaz de segurar quem já decidiu partir.
Vai doer, vai ser demorado e triste, mas deixar ir quem já se decidiu será a salvação de quem ficar, pois então o sofrimento há de passar.
Por outro lado, segurar forçado resultará em sofrimento diário, contínuo e sem fim. Nem sempre optaremos pelo que queremos, mas sempre será sábio optar por aquilo que nos possibilitará novos recomeços. Simples assim.