Precisamos questionar o uso abusivo de antidepressivos!
A medicalização é um processo que transforma de modo artificial assuntos não médicos em objetos da farmacologia. Em tese seriam questões que se apresentam como transtornos psiquiátricos, mas que na verdade, escondem problemas políticos, econômicos e sociais que atingem a todos nós do ponto de vista psicológico.
A sociedade contemporânea vive esse processo de medicalização da vida, que se caracteriza na busca incessante por explicações bioquímicas, para dar conta de situações emocionais que enfrentamos no cotidiano: tristeza, mágoa, decepção, medo, humilhação, incerteza etc.
Diante desse contexto, as receitas de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos são uma resposta comum e imediata ao alívio dos sintomas, onde cada vez mais pessoas querem diminuir seu mal-estar sem compreender o que ocasionou seu sofrimento psíquico.
Assim difunde-se a ideia de que podem existir genes responsáveis, por exemplo, pela origem da ansiedade, da desatenção e da afobação, categorizando os pacientes como portadores de distúrbios comportamentais ou de aprendizagem.
Essas hipóteses são defendidas pela Big Pharma, como panaceia às necessidades psicossociais não atendidas.
O que são psicofarmacos?
São substancias receitadas nas áreas da psiquiatria e psicanalítica que agem no sistema nervoso central, reduzindo alterações de comportamento, humor e cognição, como antipsicóticos, antidepressivos, potencializadores de cognição, entre outros.
Além da carga medicamentosa prescrita aos adultos, há o aumento de psicofármacos na infância, porque as crianças e adolescentes que manifestam personalidades que diferem das catalogadas como “normais” são enquadradas em categorias nosológicas.
A psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco alertou:
“Que sempre haverá um medicamento a ser receitado, pois cada paciente é tratado como um ser anônimo, pertencente a uma totalidade orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados à imagem de um clone, ele vê ser-lhe receitado à mesma gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”.
Na mesma linha de raciocínio, o jornalista americano Robert Whitaker questionou os métodos de tratamento adotados para os casos de pacientes com doenças mentais.
Whitaker escreveu dois livros analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em países como Índia, Nigéria e Estados Unidos e constatou:
“A história que nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são causadas por desequilíbrios químicos no cérebro”.
É por isso que precisamos questionar o uso abusivo dos psicofármacos.
Entretanto, sem sombra de dúvida, sabemos da importância dessas substâncias no conforto e na qualidade de vida dos pacientes, desde que sejam prescritas de maneira criteriosa, são aliadas na luta contra o sofrimento psíquico.
Porém, atualmente existe um abuso do uso dessas substancias devido o aumento do índice de depressão e de transtornos da saúde mental.
Antidepressivos e medicamentos que ajudam a melhorar a concentração e o foco, amenizam as crises de ansiedade, pânico e bipolaridade, não podem ser receitados indiscriminadamente e precisamos discutir onde esse uso abusivo poderá nos levar no futuro.
O próprio paciente que busca o tratamento deve se ater a real necessidade do uso, e se conscientizar a respeito do uso abusivo e os profissionais da saúde devem buscar meios alternativos para que esse uso não seja desenfreado ou prescrito de qualquer maneira.
Sejamos responsáveis na prescrição e no uso de psicofármacos.
*DA REDAÇÃO SAG.
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