Já chorei muito pelo leite derramado, mas não permito mais que pisem em mim!
Já chorei muito pelo leite derramado; já pensei muitas vezes em ir para um lugar bem distante.
Hoje eu me revejo em muitos aspectos e percebo que enfim, melhorei.
Na verdade, eu me estabilizei espiritualmente e comecei a cortar do meu espaço muita coisa que era só volume, que era só costume mesmo, que era só vício mental.
Meu coração não é um lugar para o mal prevalecer, e sei que dentro dele onde há uma caixa cheia de memórias e lembretes, há minhas verdades, minhas ausências, meu estreitamento com o que busco.
Já mudei de endereço muitas vezes, já fui de lá para cá, já perguntei a mim mesma se tudo realmente valia a pena ou se era só apego ou despreparo em não conseguir me soltar.
Um dia, meu pai que estava com câncer em estado avançado, estava no quarto de hospital e eu estava sentada ao seu lado.
Acabei discutindo com uma pessoa que na verdade já nem devia mais fazer parte da minha vida e nem deveria estar comigo.
Alguns arrependimentos são cruéis ao longo do tempo, mas também são ensinamentos profundos para que nunca mais se repita a mesma dose de sofrimento.
Desliguei o celular, e meu pai baixinho me disse: filha, você não merece passar por isso.
No fundo ele estava certo, no fundo eu que dei trela demais, e deixei ser manipulada pela patologia de alguém que só me consumia por dentro.
Amor é mais do que maltratar, gritar, ofender.
Amor não resiste a isso, amor não serve para que eu sirva enxugando o pranto depois de me sentir tão mal.
No fundo eu era sempre a culpada e nunca a vítima.
Quem ama, cuida, quem ama, se coloca no lugar e não ri de tragédias pessoais. Não debocha se eu caio, não diz que o tempo vai passar e que também vou envelhecer.
O tempo passa para todo mundo e graças a Deus, eu aprendi a colocar muito mais sabedoria dentro dele.
Penso todo dia no tal do respeito e do amor-próprio, penso todo dia que não preciso viver dentro de mentiras e nem me sujeitar a ser alguém que é só um enfeite na estante.
Ainda bem que eu deixei para trás esse lixo tóxico, há tempo de me redimir a tempo de me perdoar, a tempo de me colocar em um lugar decente para viver com mais serventia individual.
O bom disso tudo é que hoje eu decido por mim e não baixo a cabeça para que pisem em cima.
Quando vejo a luz no corredor da minha alma tenho certeza de que Deus fez tudo certo e agradeço.
Meu pai partiu e eu tive que continuar minha jornada.
Ele faz muita falta.
Ao mesmo tempo vivi meu tempo de libertação e cura.
Encontrei o meu farol. Já chorei muito pelo leite derramado; já pensei muitas vezes em ir para um lugar bem distante. Hoje eu me revejo em muitos aspectos e percebo que enfim, melhorei.
*DA REDAÇÃO SAG.
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