Não ajuda fazer drama. É preciso fazer dar certo. É o único jeito. Liga não. Essas caras de fúria, esses olhos arrogantes fuzilando quem está perto, essa gente que não responde a quem diz “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, esses carros acelerando no farol vermelho contra as faixas de pedestre, nenhum deles vai mudar se você explodir. Respira, se apruma, segue em frente. Deixa isso lá atrás.

Tomar distância de quem lhe faz mal não torna você uma pessoa conformista. Faz de você alguém no exercício de sua inteligência e de sua liberdade. Ser livre também é poder largar mão de quando em vez.

Não é covardia, não. É um gesto de coragem. Pode não ser a solução de todos os males. Mas é uma boa estratégia: ao se afastar de quem lhe faz mal, você se aproxima daqueles a quem ainda pode fazer uma coisa boa.

Faço fé que aos poucos, com o trabalho de cada um, bondade ainda vira moda. Fazer gentilezas por aí será uma febre. Educação, respeito e intenções amorosas invadirão a cultura de massas, e em todo canto deste mundo há de haver alguém fazendo o bem a quem puder, de qualquer jeito.

Feito um clássico eternizado, essa mania de integridade e compaixão, brandura e respeito há de virar tradição entre nós. Então a sanha dos maldosos vai morrer à míngua, aos poucos, até se tornar tão insignificante que na prática deixará de existir. Eu faço fé.

Não vai ser fácil. A vida não é videogame. A gente não escolhe entre os modos easy, medium, hard. A gente encara o que vem. Trabalha, cuida, se esforça, planeja, pratica, cai, levanta, espera, segue. E por mais que a gente aprenda tem sempre um enrosco desconhecido ali na frente, nos obrigando a aprender de novo depois de um ou de um milhão de erros.

Tentemos. Tentemos com teimosia e esforço. Não ajuda fazer drama. É preciso fazer dar certo. É o único jeito. Fazer dar certo o amor, a amizade, a família, a vida. Pôr em prática. Bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, obrigado, com licença, pois não, você primeiro! Tem trabalho à espera e um mundo inteiro para fazer dar certo. Mãos à obra!









Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.