Responsabilidade afetiva, bondade e gentileza: A SANTÍSSIMA TRÍADE DO CARÁTER.

Por Daniele Abrantes

A forma como as pessoas agem com as outras, revela o quanto de bondade existe dentro dela. É perceptível quando sentimos que não estamos em sintonia de emoções com alguém sabe como? Porque você passa a ser ignorado.

Recentemente, encontrei, no shopping, uma pessoa que fez parte da minha vida. Estava acompanhada da minha filha e íamos comprar um presente pra uma amiguinha e, na escada rolante, demos de cara com esta pessoa. Eu já havia falado muito sobre a pessoa para Alice ,pois ela só conhecia por fotos e, uma vez, havia falado rapidamente com a pessoa, no ano passado, enquanto via o filme que ela ama; O Rei do Show ( The Greatest Showman) ,estrelado por Hugh Jackman.

À ocasião, ela, empolgada, falou que ia ver todos os dias o filme num canal de Tv pago. Eu e a pessoa ficamos rindo e brincamos que aquilo me levaria à falência ( risos).

Os meses se passaram e eu continuava falando coisas boas sobre a pessoa a ela. Das qualidades que essa pessoa possui que mais encantou a pequena: cantar e imitar personagens e atores. A coloquei pra ouvir uma imitação feita pela pessoa e a pequena riu tanto, que dava gosto.

Em seguida, foi fazer um desenho dela com a pessoa e colocou “Ha Ha Ha” nos balões, com os nomes dos dois e a palavra BFF ( Best Friends Forever).

Este desenho ela não tirou desde final de outubro do ano passado da nossa geladeira. Mas eu, com muito tato, a fiz tirar hoje.

Para que dela, ela se desvencilhasse. A pessoa, em questão, nunca fez questão de conhecer minha filha, Alice.

A pessoa nunca quis ser parte da vida dela, ainda que de forma distante. A pessoa que ela idealizou existiu nas nossas vidas somente da forma que ela poderia existir; superficialmente.

Temos o costume de orar e pedir proteção para aqueles que amamos e, em nossas orações estava o nome dessa pessoa.

Minha filha sempre orou pedindo que Deus realizasse seus sonhos e pedia que um dia pudesse lhe dar um abraço. Neste dia, ao reencontrar a pessoa, apenas acenamos. Estávamos de lados opostos da escada rolante. Mas, ao descermos, a minha pequena disse, baixinho:

-Mamãe, podemos subir pra eu dar um abraço e um beijinho? E eu, me sentindo incrivelmente culpada, disse: -Querida, infelizmente, não.

Ao que ela, com testa franzida, grandes olhos azuis esverdeados, visivelmente triste, retrucou:

-Mas por que mamãe? Não são mais amigos? Não se gostam mais? Ao que eu, calma mas magoadamente, respondi:

-Filha, exatamente. As pessoas só ficam nas nossas vidas se assim desejam. Elas mudam. A mamãe achava que ela era de um jeito que a mamãe desejava, mas a mamãe deve ter se confundido. Não é culpa sua. Me perdoe.

Aquilo me doeu profundamente. Me senti mal por,de certa forma, ter alimentado na Alice um afeto e admiração e uma preocupação que nunca fora recíproco.

A pessoa simplesmente não passou uma única mensagem para saber como ela estava ou como havia gostado de, finalmente, a ter conhecido.

A responsabilidade afetiva está intrinsecamente ligada à capacidade do outro em, mesmo findada as relações, sejam elas de amor ou amizade, ter a sensibilidade de se colocar no lugar do sentimento do outro.

Saber ser gentil com quem um dia fez parte de sua vida.

Saber manter uma relação ao menos com o mínimo de regra normativa da boa educação que consiste em mandar uma mensagem que seja de ” Bom dia”, Boa tarde” e ” Boa noite”.

É fato, já comprovado por milhares de pessoas, que só se conhece verdadeiramente alguém quando já não lhe somos mais úteis.

Fico perplexa no quão frias as pessoas se tornam assim que nos descartam de suas vidas.

A anterior delicadeza e aparente elegância se esfarela como o pó que a cada manhã encobre os móveis e dança na poeira iluminada pelo sol na janela.

A mesma janela que admirava e idealizara acerca do caráter da pessoa que jamais a se tornar presente se propusera.

O caráter de uma pessoa não se conhece pelos seus dons, inteligência, aparente cortesia e elegância. A isto, chamamos de ATUAÇÃO. E somente os bons atores da vida conseguem simular.

Mas, NÃO É Verdadeiro!

Nunca foi e nunca será.

Caráter, surge no ato do nascimento da construção da boa índole é alimentado no colo do ventre e pulsa, latente, nas veias do coração.

Irriga o corpo todo com este nobre sentimento genuíno que alimenta e transparece na alma.

É REAL, não FICÇÃO!

O conselho que deixo a você, que está lendo o texto, é que siga se mantendo verdadeiro, acima de tudo, consigo e siga a sua vida perpetuando este caráter, raro, no seu legado.

Porém, de forma consciente, através da compreensão de que ninguém muda o outro. Nem mesmo o amor.

A mudança consiste na urgência da reforma íntima e na capacidade analítica de autoconhecimento.

Nos tornamos mais fortalecidos emocionalmente quando compreendemos que” as pessoas só podem ser o que são”, OSHO.

Portanto, não espere bondade, carinho, amizade, amor, empatia, gentileza, de ninguém.

As pessoas nos dão apenas os sentimentos que possuem no emaranhado das vertentes que formam a complexidade de seu ser.

Maturidade emocional é alcançada quando preferimos distâncias sinceras a aproximações vazias carregadas de hipocrisia.

Carl Jung, já dizia: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”

Mais Amor. Mais Empatia. Mais Gentileza. Mais HUMANIDADE.









Viva simples, sonhe grande, seja grato, dê amor, ria muito!