Quando aprendemos que não são as palavras que nos absolvem, mas os olhares fraternos que destinamos, juntamente a vibração poderosa que emitimos, nos sentimos íntegros frente aos acontecimentos da vida!
Uma vez escutei o Padre Fábio de Melo dizer algo do tipo ao tentar explicar o amor. Na ocasião ele disse: “O amor não começa na palavra, o amor começa no olhar, palavras são passageiras, olhares duram a vida inteira”, e eu entendi completamente!
Muitas vezes acreditamos que o melhor para nós é falar com todas as letras aquilo que sentimos, o que nos incomoda e vem nos tirando o sono, ou aquilo que nos deixa feliz e queremos que o outro faça!
Acreditamos que devemos contar detalhadamente os fatos e os motivos que nos fizeram sofrer ou que nos fazem feliz, que nos levaram a chegar na situação onde nos encontramos hoje, ou até que precisamos acusar aqueles que nos humilharam ou ofenderam! Mas muitas vezes as palavras jogadas ao vento acabam voltando para nós como um eco!
Acabamos sendo vistos como pessoas que só reclamam, que se vitimizam, que só falam e nada fazem, ou mesmo somos taxados de chatos melindrosos, que tudo querem e não fazem por onde!
Devemos entender que palavras “malditas” nada fazem além de aumentar o problema que já possuíamos.
Vejam, aqui não estou falando sobre o poder do desabafo ou sobre as falas que emitimos em consultas profissionais e terapias, estou dizendo dos sucessivos vômitos que vociferamos no colo dos outros constantemente.
Quando entendemos o mal que causamos ao emitir palavras que de nada contribuirão para a situação em que nos encontramos damos início a uma transformação importante.
Aquela vizinha que só reclama, aquele sogro que é demasiado crítico, a colega de trabalho que maldiz o chefe diariamente… Por que precisam ser assim?
Porque eles possuem o péssimo hábito de levar suas insatisfações na mochila!
Por onde vão, carregam as lamentações com eles!
Pode ser uma festa, um trabalho, um jantar, lá está a mochila pesando as costas deles, e para amenizar o peso, eles começam a esvaziar a mochila na nossa frente.
Muitos já fizeram isso, não é mesmo? Eu já fiz muito! E por que fazemos?
Esse esvaziar, nos dá uma sensação momentânea de acolhimento, porque não queremos carregar tudo aquilo sozinhos, porém, não nos atentamos para o fato de que nesse momento estamos sendo um tanto quanto … egoístas.
Só pensamos que após despejarmos nosso caldo de lamentações no babador alheio nos sentiremos um pouco mais leves, mesmo que esse bem estar fajuto venha as custas do mal estar que causaremos naquele que precisa ouvir nossas lamentações!
Não paramos para pensar que aquele que nos ouve em silêncio, que nada reclama, e que ao falar apenas emite uma explanação bondosa, também possui a sua mochila, mas talvez vem tentando não a carregar, ou até mesmo já teve e a descartou por completo, e que também vem se esforçando para deixar a sua própria vida mais leve, mas sem que para isso, precise colocar seus pesos na mochila de alguém.
Esses que já deixaram a mochila pelo caminho, já estão em uma fase de entendimento e inteligencia emocional um pouco mais avançadas e já entendem que a ilusão de benefício que recebem ao expor suas frustrações em público é simplesmente apenas isso mesmo, uma ilusão.
Logo que a pessoa vai embora essa sensação de leveza some, e toda a balburdia que alimentamos emocional e mentalmente, permanecem conosco.
Quando entendemos isso, paramos de espalhar nossas tristezas no ventilador alheio. E aprendemos a ser íntegros com os nossos sentimentos a ponto de buscar ajuda profissional, e ou, espiritual para os nossos pesos íntimos.
Íntegros no sentido de inteiros, honestos e verdadeiros, porque as palavras, na maioria das vezes, não conseguem expressar o que sentimos na totalidade, todavia, um nosso olhar, revela tudo que existe em nossa alma!
Todos nós já conhecemos pessoas que possuem um olhar diferenciado em relação ao mundo, a vida, as dores e traumas que vivemos!
Existem pessoas que quando olham para nós parecem desnudar a nossa alma inteirinha!
E outras que quando falam nos sugam todas as energias!
Sim, meus amigos, as palavras possuem um poder gigantesco, o poder de nos alegrar ou de nos fazer sofrer, de nos encorajar ou de nos amedrontar!
Mas o olhar tem a força de um tufão! Ele carrega a nossa vibração, o que levamos dentro do coração!
Um olhar conectado com o coração possui a função de um moinho de vento e gera uma energia transformadora!
Um olhar verdadeiro revela a mais alta potência dos nossos sentimentos e requer sabedoria para ser desvendado!
Um sábio só abre a boca quando suas palavras forem acrescentar algo muito importante na vida daqueles que cruzam o seu caminho! Um tolo mesmo sem saber muito sobre o assunto, acredita ter conhecimento suficiente e destila seu achismo que funciona como um veneno, aos quatro cantos, como se todos necessitassem dele!
Seja um sábio, não um tolo!
Silencie constantemente e fale apenas o necessário! Pois até o necessário precisa ser medido!
Meça suas palavras e treine seu olhar!
Aqueles que têm olhos para ver, verão!
Mas quem continua jogando as palavras no vento recebe de volta mais palavras com o mesmo peso, e sua mochila fica cada vez mais pesada, até que o peso fica tão grande que ele acaba sugado pelo olho do furacão, e cai em uma depressão profunda!
Solte essa mochila enquanto há tempo!
Pare de carregar pesos! Seus e dos outros! Pare de querer comentar a vida alheia ou a sua vida, a dos seus filhos, e amigos, isso só gera mais sofrimento, e agrega mais peso a essa mochila que você é tão apegada!
Não se agarre as tristezas e aos acontecimentos que foram negativos!
Aprenda a lição impregnada neles e siga em frente sem a necessidade de carregá-los.
Não carregue nada no seu coração, que não esteja vinculada a bondade e a determinação em fazer um dia ainda melhor, ou bem melhor, do que foi o dia anterior.
Sei que para muitas pessoas que foram extremamente feridas é igualmente “extremamente” difícil cultivar o amor e a bondade no coração, mas a vida e a natureza exigem de nós uma evolução constante, se paramos de evoluir a tristeza nos acomete e passamos a morrer aos poucos!
Tudo na natureza evolui por si só, mesmo quando não há intervenção do homem, porém, o homem tem a mania de ficar podando tudo porque a poda sugere que brotarão mais fortes, mas isso também é uma ilusão, pois uma poda mal feita pode secar a nossa lavoura, pode matar nossos sonhos, pode nos limitar a um vasinho pequeno, quando poderíamos alastrar por todo terreno.
Na maioria das vezes, o nosso olhar já revela nossas emoções, mesmo quando nos esforçamos para escondê-las.
Mas se você acredita que falar, contar e se vitimizar para a primeira pessoa que você encontra na rua, ou para um amigo que sempre te socorre te fará bem, devo alertar que você está vivendo um engano!
Ao falar você se sentirá bem por uns instantes, e o seu amigo, vizinho, colega de trabalho se sentirá mal por mais alguns, e nenhum fruto nascerá daí.
Apenas a vibração negativa que foi emitida nessa conversa será intensificada! E aquilo que se queixaram será ouvido pelo universo que entenderá que vocês estão pedindo mais daquilo!
E o Universo acata nossos pedidos! Quanto mais se lamentarem, mais motivos para lamentação terão!
Quer desabafar? Não consegue lidar com as emoções inferiores que o vitimismo e a carência te trazem?
Desabafe com Deus ou na frente do espelho! É o melhor que você faz!
Mas chegará uma hora que, ou você entende de uma vez que o que te absolve das dores e dos traumas é a forma como você olha para eles, ou até você, diante do espelho, se cansará de você mesmo, imagina os outros!
Vejam, o olhar que emitimos, o nosso ponto de vista, muitas vezes é apenas um ponto de vista, dentre outros milhares de pontos de vistas que existem e que desprezamos quando insistimos em ficar agarrados a essa mochila cheia de lembranças tristes.
Deixe a mochila pelo caminho e se sinta leve de verdade!
Foto: Padre Fábio de Melo/Divulgação