A angustia da juventude e o alto índice de suicídio entre os jovens!

A experiência é o alimento da sabedoria, é nossa refeição cotidiana para sabermos lidar com as situações e adversidades. Ao longo da vida, passamos por essas adversidades e percebemos que são apenas momentos passageiros.

O jovem é desprovido dessa experiência e da percepção do que é passageiro. E acredita que aquele momento ruim nunca vai acabar.

Acreditamos que os adultos já aprenderam a lidar com isso e aceitam melhor que a fase ruim, logo passaré. Já o jovem não tem a experiência necessária e potencializa a fase ruim como se o momento nunca fosse acabar.

Quando um jovem toma a decisão de retirar a própria vida revela que estava no seu limite de desespero e fora da razão.

A juventude é um momento de transição onde o jovem está começando a viver a solidão, é um momento de descobertas e emancipação que pode ser muito complicado.

É o momento da prova, onde a necessidade de ter que ser adulto resulta em um forte desespero que o leva a silenciar suas insatisfações.

O silêncio diz que a ajuda dos pais não está sendo suficiente.

Essa emancipação, esse experimento da solidão cria uma falsa ideia de poder, de achar que podem fazer tudo, que são imortais, fator que os levam a experimentar coisas que podem levá-los a morte, como drogas, bebidas, e se colocam em riscos de vida em geral.

A juventude é um momento de transição hormonal, sexual, social que mexem com o emocional.

Para mim, alguns dos problemas estão ligados a falta da riqueza afetiva. Também a essa competição que a globalização através da internet potencializou.

A falta de interação social verdadeira também é um forte motivador e impulsionador para que eles desistam da vida.

É uma angústia ser adolescente, pois não é fácil lidar com todas as mudanças que a fase exige em silêncio.

Essa adaptação natural que a juventude exige vem acompanhado da vergonha e da necessidade de aceitação que a vida adulta impõe.

As responsabilidades e a exigência da maturidade os deixam apreensivos e muitos não conseguem lidar com tudo isso.

Os pais, querendo ajudar acabam atrapalhando quando sentem a necessidade de fazer por eles, o que eles deveriam fazer sozinhos.

Muitos pais acabam tratando o filho como crianças e não conseguem dar autonomia para eles.

Fazer tudo pelos filhos e tê-los debaixo das suas asas é um dos maiores erros que podem cometer: satisfazer todas as vontades dos filhos na ilusão de que assim eles se sentirão mais felizes.

Quando os pais satisfazem todas as vontades dos filhos e mimam demais, acabam comprometendo a formação da identidade deles, isso faz com eles se sintam perdidos e que não consigam encontrar seu verdadeiro lugar no mundo. Eles sentem que sempre terão que ser uma extensão dos pais.

O medo de perder os filhos pelos pais, resulta na perda da identidade do filho.

Numa sociedade de consumo o filho passa a ser o consumo emocional dos pais. Ao contrário do produto, um filho não pode ser trocado por outro, e muitos pais tentam moldar a personalidade do filho. Essa falta de aceitação da sua personalidade, pode ser um grave motivo para a insatisfação com a própria vida na adolescência.

Temos que ter a consciência que nosso filho será o resultado dos nossos erros e acertos.

Como resolver o problema de comunicação em casa

Com a aceitação e o diálogo.

Saber conduzir o diálogo para desvendar os problemas do jovem é um bom caminho para evitar que eles entrem em surto emocional e cometam o suicídio.

Muitos pais que já passaram por essa dor inestimável, tentaram de tudo, antes que o final trágico acontecesse. Eles presenteavam, davam carinho e muita atenção, mas nada foi o suficiente.

Para um jovem insatisfeito com a própria vida é preciso que tentemos despertar neles um sentido de pertencimento, uma paixão por algo ou coisa que os façam valorizar a vida, e que os levem a sonhar com um futuro próspero e promissor.

A forte tristeza que toma conta de suas vidas precisa ser substituída por um ideal de vida.

Eles devem se perguntar: “Isso que eu faço com a minha vida é importante”, “eu sou importante”, e consequentemente, “a minha vida é importante”?

Um jovem que não experimenta a autonomia, e não entende a sua posição no mundo, se sente perdido e desconectado de tudo e perde o prazer de viver, principalmente se ele é tolhido ou forçado a frequentar uma escola que não gosta, ou fazer um curso para agradar os pais, ou a seguir uma profissão que não o agrada.

Como fazer para ajudar esses jovens

A cada ano, cerca de 800.000 mortes por suicídio ocorrem no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Entre os jovens (15 a 29 anos), é a segunda causa de morte globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde.

Para ajudar esses jovens a encontrar um lugar no mundo e se sentirem úteis, os pais precisam entender que essa fase é muito importante para a formação de um adulto equilibrado emocionalmente e se transformar com eles.

Entender que não são mais crianças e sim jovens, num momento de transição, e neste momento, como toda transformação, encontrarão dificuldades devido às adaptações.

Conhecer as motivações e os interesses do próprio filho são fatores fundamentais para uma passagem tranquila pela fase da adolescência.

Mostrar possibilidades atrativas, promover a inclusão em grupos de interesses comuns, são jeitos de torna-lo sociável e de colocá-lo em grupos que ele se sinta acolhido e amado.

E o principal, não tentar moldar a personalidade do jovem a seu bel prazer. Ou seja, não tentar fazer do filho um experimento para as suas realizações pessoais, pelo contrário, ajuda-lo a encontrar os seus verdadeiros dons, e mostrar como ele poderá ser útil para a sociedade e como a sua vida será importante para outras pessoas.

Agindo assim, ele terá mais chances de se tornar emocionalmente forte para lidar com as adversidades da vida adulta e conseguir enfrentar os desafios do dia a dia.

É PRECISO

• Ouvir atentamente e ficar calmo.
• Entender os sentimentos dele (empatia).
• Dar mensagens não-verbais de aceitação e respeito.
• Expressar respeito pelas opiniões e valores dele.
• Conversar honestamente e com autenticidade.
• Mostrar sua preocupação, cuidado e afeição.

• Focar nos sentimentos dele sem pressionar.
• Respeitar o seu espaço e suas ideias.
• Ficar chocado ou muito emocionado.
• Doar a ele tempo de qualidade, fazendo o que ele gosta, não o que você quer. Para isso é preciso conhecer o que ele gosta.
• Não trata-lo como se ele fosse inferior a você e não soubesse nada.
• Não fazer comentários invasivos e pouco claros.
• Não fazer perguntas indiscretas.

Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não-julgamento é fundamental para facilitar a comunicação

Um recado para os jovens que se encontram perdidos emocionalmente

A maturidade não nasce da necessidade de ser adulto e sim do conhecimento que se adquire ao longo da vida, em experiências com os outros que nos fazem adquirir consciência das consequências dos nossos atos.

Os problemas possivelmente passarão, mas a morte é o ponto final.

A tristeza de hoje nos faz mais fortes amanhã, é a experiência necessária para que futuramente consigamos nos sentir plenamente felizes.

Tente encontrar felicidade nas pequenas coisas. Essa fase é difícil mesmo, mas tente mirar nos exemplos de outros jovens adultos que passaram por dificuldades emocionais e superaram!

Percebam que é possível superar e busquem mecanismos para isso.

Entendam que buscar o autoconhecimento é uma ferramenta extremamente importante!

Você precisa saber quem você é, qual o seu papel no mundo, do que gosta, do que não gosta e agir para aperfeiçoar esses seus talentos que te motivarão a ser cada vez melhor no futuro. E que consequentemente farão com que a sua vida se encha de significado.

O medo existe.

O medo de falhar, de não dar conta, de não ser bom o bastante, é natural, todos passamos por isso.

É preciso superar o medo, e fortalecer a coragem. Mas só conseguimos isso com força de vontade, traçando objetivos, fazendo planos, e não se cobrando tanto.

Afinal, a perfeição não existe, mesmo que muitos te cobrem isso!

Tenha em mente que você não precisa ser perfeito, nem fazer o que os outros querem que você faça para ser aceito.

Sempre existirá alguém que te aceitará como você é!

Se esse alguém ainda não cruzou o seu caminho, pode ter certeza que ele existe, talvez você não esteja procurando no lugar certo.

Por isso, busque ajuda profissional, tente se colocar em grupos de pessoas que se sintam como você e entenda:

Quando ajudamos uma outra pessoa, acabamos ajudando a nós mesmos!

Jovem, você não pediu para vir ao mundo, mas você faz parte do mundo e nele pode fazer a diferença.

*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
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Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.