“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.”
“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”, disse Rubem Alves, sobre o endereço de onde nossa alma ficou e de onde ela não quer sair.
É que a alma gosta mesmo é de aconchego, de coisas gostosas, de sensação boa.
Ela tem o velho hábito de voltar aonde foi feliz, mesmo que isso tenha sido décadas atrás.
A casa da alma é na saudade, onde o “para sempre” sempre encontra seu lugar.
A saudade às vezes é uma avó carinhosa: braços abertos, colo perfumado e macio. E lá a gente pode repousar, com pouca pressa e sorriso bonito, revivendo um pedacinho de história bom demais pra ser esquecido e deixado pra lá.
Saudade parece uma lamparina, que a gente acendeu para procurar uma felicidadezinha que ficou lá no canto, escondidinha, e que agora quer ver de novo, dar mais um abraço e sentir o conforto bom que só aquela memória sabe trazer.
A verdade é que tem coisa feita pra fazer falta.
O olhar iluminado da pessoa amada, a primeira amizade de verdade, uma voz no pé do ouvido, algumas pessoas. Aliás, pessoas são nossos maiores motivos.
Tem gente que dá uma saudade danada!
Outras vezes, a saudade parece uma dor bem fininha, que dói sem hora marcada e que às vezes dói até sem causa sensata. E ninguém sabe quando vai doer, mas que vai, vai sim.
E quando doer, talvez você precise de algumas lágrimas, talvez de um cobertor e uma caneca de chá quentinho. Mas é coisa que logo passa, é coisa de saudade mesmo.
Ou não, talvez nem passe. Talvez ela seja eterna, amarrada no peito e bem presa, pra não correr o risco de ser esquecida.
Às vezes ela é permanente, fazer o quê?
Acontece também!
Algumas coisas constituem saudade imediata, coisa que o coração mal experimentou e já quer viver de volta. Que remédio poderia haver para essa saudade, não é?
Algumas coisas irão nos fazer falta a vida inteira: saudade das doces vantagens da infância, de quando as nuvens ainda pareciam algodão; saudade do tempo em que a gente ainda não tinha dado adeus pra nada, nem pra ninguém.
Que tempo bom foi aquele!
É nesses dias de saudade apertada, que a alma faz suas malas e vai pra casa.
Pra casa da saudade, sabe?
Porque é lá que a alma encontra sua verdadeira morada.
Ah, Rubem Alves também disse que “aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece.
O que a memória ama fica eterno.” Parece mesmo que ele tinha razão.
Que agenda, que nada!
Tem coisa que fica marcada.
Acho que é daí que vem a saudade, afinal.
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