Amor é linear, contínuo, segue o fluxo dos sentimentos mais nobres que cultivamos dentro de nós. É aceitação, doação, entendimento, perdão! É receber e ser recebido no ambiente interno do outro.
As paixões são viscerais, avassaladoras. Mexem com nosso estado de espírito, nos tiram da zona de conforto e nos fazem agir em direção a uma nova conquista.
Tem quem goste justamente disso, desses sobressaltos da paixão.
Há quem se excite com essa sensação de montanha-russa que faz sentir o coração quase sair pela boca.
Quem viveu uma tempestade emocional sabe o quanto isso mexe com a vida de uma pessoa, para o bem e para o mal. Marca a ferro e fogo! E fica difícil esquecer as dores que esse falso amor causou.
Alguns traços doentios aparecem em relações marcadas pela paixão arrebatadora, são eles:
1- Quando apaixonada a pessoa sente que o outro, alvo do seu desejo, é sua posse.
2- Ela deseja dominar e controlar cada passo e ação do outro, “estauqueando” as suas redes sociais, frequentando os locais que ela costuma frequentar, abordando amigos em comum, e assim por diante. Formando um cerco em volta do seu “objeto” de desejo.
3- Ela muda seus hábitos, seus gostos, seu estilo, suas preferencias, para chamar atenção do outro, ou para se moldar ao modo de vida do outro, tudo para tentar conquista-lo e agradá-lo.
4- Ela não consegue pensar em outra coisa e nem em outra pessoa! A relação vira uma espécie de obsessão.
5- A atração física é muito mais evidente do que a atração intelectual.
Deixemos claro que todo relacionamento tem seu início com uma paixão! Seja ela “arrebatadora e visceral”, seja moderada e romântica advinda de outros interesses em comum.
A atração acontece mutuamente e as duas pessoas se juntam para gozar desse instinto que os atraem.
Mas essa relação só se solidificará quando o fruto do amor amadurecer a ponto de ser consumido sem que haja qualquer indigestão.
Ou seja, uma paixão que se sustenta apenas no desejo carnal, no interesse financeiro, ou em situações que, não necessariamente, são marcadas pela vontade de consagrar um futuro juntos, pode causar desconfortos e inseguranças.
Uma pessoa que muda a própria personalidade a cada nova paixão que aparece é uma pessoa totalmente vazia, que se preenche do outro, do que o outro é, do que o outro faz, do que o outro gosta.
E quando ela se apaixona, ela vive o efeito montanha-russa justamente porque não consegue entender suas próprias emoções e sentimentos, e também pela busca incessante em tentar agradar o outro, em tentar descobrir o que precisa fazer para conquistá-lo.
Muitas vezes, essa pessoa ainda não descobriu o que quer, mas o que não quer, ela já sabe.
Ela acaba tentando se alinhar as expectativas do outro, tenta mudar uma coisa ou outra, mas tudo isso prova a sua falta de personalidade, o que acaba afastando o seu alvo, que se decepciona ao perceber essa sua imaturidade emocional.
Como viver uma paixão saudável a ponto dela se transformar em amor
A paixão aconteceu, ambos estão sentindo uma eletricidade no ar. É notório que estão vivendo uma atração arrebatadora, mas isso basta para um relacionamento se desenvolver?
De fato, não, mas é um início.
Para que esta atração se desenvolva para um relacionamento onde o amor impera, é necessário que a relação esteja sendo construída com base na verdade, ou seja, ambos devem ser autênticos e honestos.
Deve-se tomar cuidado com o personagem que se cria no início da paixão.
Esse personagem pode não se sustentar nos sucessivos encontros e assim que a máscara cair, a paixão se dissolve, escorrendo ralo a baixo.
O amor é adaptável e se molda conforme as revelações que surgem com a verdade de cada um, se constrói mais forte com as críticas que recebe e se equilibra ao tentar se ajustar com doses certas de paixão e cumplicidade.
O amor é o equilíbrio entre a paixão e a verdade. É saber voltar atrás e pedir perdão, ou seja, é reconhecer que errou, é saber perdoar e reconhecer que ninguém é perfeito, nem você.
Uma paixão baseada em mentiras e personagens fantasiosos impacta nossa vida de um modo negativo, e pode se transformar em um tremendo transtorno. Drenando toda a nossa energia e roubando a nossa paz. Paixões altamente euforizantes têm a mesma força depressiva.
Para que o amor se instaure permanentemente em um casal é preciso que haja reciprocidade e respeito a individualidade.
Duas pessoas não precisam gostar das mesmas coisas, fazer as mesmas coisas, ir aos mesmos lugares para se amarem e viverem um relacionamento duradouro, pelo contrário, o amor só sobrevive quando existem duas pessoas completas, e não duas metades tentando se escorar uma na outra.
Hoje você vive uma paixão ou um amor? Saberia identificar a diferença?
Foto: Katie Butler
*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com
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