AUTOSACRIFÍCIO EXCESSIVO: A DOENÇA DA MODERNIDADE.

AUTOSACRIFÍCIO EXCESSIVO: A DOENÇA DA MODERNIDADE.

Existem aprendizados vitais que dão origem a comportamentos muito prejudiciais; especialmente quando se repetem ao longo do tempo, apesar de nossos esforços para corrigi-los.

Hoje queremos falar sobre autosacrifício, quais são suas consequências?

Você passa a maior parte do seu tempo com outras pessoas? Você gasta mais energia atendendo às necessidades deles do que atendendo às suas? Se suas respostas foram afirmativas, é provável que o esquema de autosacrifício esteja lhe causando problemas.

Para o prestigiado psicólogo Jeffrey Young, idealizador do Schema Therapy Institute, a origem desse problema está na infância . Especificamente em aprender maneiras de reagir aos eventos da infância. Em seu modelo, ele postula um total de 18 tipos de esquemas, e hoje queremos nos concentrar em um: o autosacrifício.

Os esquemas que emergem desde a infância estão longe de serem entidades permanentes. Elas podem ser mantidas ou transformadas, embora sejam impostas diante das experiências que constituem a vida.

Uma abordagem ao conceito de esquema disfuncional precoce (EDT)

Para Young, os esquemas são definidos como as formas de sentir e pensar que causam dor. Eles começam a se formar na infância e se repetem e reiteram ao longo da vida: quantas vezes você já pensou algo como: “já fiz de novo”? Nisto consistiria um esquema: uma sequência aprendida e internalizada que aplicamos em certas ocasiões sem pensar. Entre as características do EDT, encontramos:

São guias, padrões e modelos internalizados muito amplos e generalizados para uma infinidade de situações.

Eles são compostos de sentimentos, memórias, pensamentos e impressões corporais.

Eles se referem tanto a nós quanto ao nosso relacionamento com outras pessoas.

Eles nascem quando somos crianças e até mesmo quando estamos na adolescência.

Eles podem se transformar ao longo da vida.

Eles podem se tornar fontes extraordinárias de desconforto.

Apesar de esquemas disfuncionais precoces poderem se desenvolver na ausência de situações traumáticas ou abusivas, a verdade é que boa parte desses esquemas são causados ​​por situações que poderiam ser descritas como perniciosas. Tendo isso em mente, podemos afirmar que todas elas são formas devastadoras de processar e reagir aos estímulos ambientais.

“Os esquemas na idade adulta levam a pessoa a recriar inadvertidamente em sua vida atual as condições da infância que lhe foram tão dolorosas.”-Jeffrey Young-

Que consequências pode ter o autosacrifício excessivo?

“O que você precisa? Eu estou aqui para você!”. Esse é um padrão comum em pessoas que se doam aos outros às custas de negar a si mesmas os cuidados que precisa.

O autosacrifício é um esquema orientado para o que os outros precisam, em vez de voltar para dentro da pessoa. O cuidado existe, mas o autocuidado tão vital para o bem-estar está ausente. Ser privado dos cuidados de que precisamos pode ter um impacto enorme na saúde mental das pessoas:

“O esquema de autosacrifício, juntamente com o esquema de subjugação, são caracterizados por uma tendência para os outros.”-Sara Castellanos Sánchez-

Dentre eles podemos citar os relacionamentos abusivos . Quando nos sacrificamos excessivamente, ou seja, damos muito de nós e ignoramos o que precisamos, estamos cruzando uma perigosa linha vermelha: a consideração de si.

A confusão

Um dos pilares que sustentam o autosacrifício excessivo é o fato de « evitar o mal» . No entanto, é importante ter em mente que, como seres imperfeitos, sempre haverá momentos em que iremos prejudicar alguém.

Um exemplo poderia ser: eu atendo as necessidades dos membros da minha família porque assim aprendi com minha mãe, não importa se são jovens ou velhos: estou sempre disponível para eles.

Dificuldades em dizer “não” a determinados pedidos

Muitas vezes, essa dificuldade é veiculada por uma emoção vivida com desagrado: a culpa. A culpa é sentida quando dizemos “não” porque no passado fomos ensinados que devemos estar presentes e abertos para atender às necessidades dos outros e que, se escolhermos o contrário, o resultado será a decepção de nossas figuras de apego.

“Uma das razões por trás do autosacrifício excessivo é evitar a culpa de se sentir egoísta.” -Jeffrey Young-

Há quem sinta culpa ao dizer não e seja obrigado a aceitar qualquer pedido.

Fadiga da compaixão

Essas pessoas podem desenvolver uma extraordinária capacidade empática. Isso acontece porque eles estão atentos a qualquer sinal que indique que preciso de ajuda. Eles são pessoas hiperdetetives .

O custo de ter tamanha sensibilidade é que acabam esgotados física e psicologicamente. Sobretudo em períodos da vida em que os problemas parecem não dar descanso.

“Às vezes, esse esquema leva a sentir que as próprias necessidades não estão sendo devidamente satisfeitas e a ressentir-se com aqueles que são atendidos”. Jeffrey Young-

Como vimos, o autosacrifício excessivo implica uma atenção intensa ao que é dos outros, o que pode nos prejudicar.

Quando colocamos o que os outros querem, sentem ou manifestam antes de nossos próprios desejos e sentimentos, podemos nos deparar com problemas relacionados a relacionamentos e com situações nas quais nos sentimos tremendamente confusos.

Além disso, sentir-se mal por dizer “não” a algo que claramente não queremos é como um carro indo na contramão em uma rodovia: é perigoso. Especialmente quando se torna a norma em vez de ser a exceção.

O primeiro passo para a mudança será tomar consciência de como nos comportamos em relação ao nosso universo de relacionamentos . No entanto, às vezes as pessoas podem precisar de ajuda mais especializada. Se você acha que esse é o seu caso, provavelmente pode considerar a ajuda do seu profissional de confiança.

“A típica família de origem é baseada na aceitação condicional: os filhos devem suprimir aspectos importantes de si mesmos para ganhar o amor, a atenção e a aprovação de seus pais.” Jeffrey Young.

*DA REDAÇÃO SAG. Com informações LMM. Foto de Lechon Kirb na Unsplash

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