Covid pode desencadear graves problemas de saúde mental nos profissionais da saúde. Médico alerta para o autocuidado.
SAIBA COMO APOIAR A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E AJUDÁ-LOS A NÃO DESENVOLVER PROBLEMAS GRAVES, DURANTE E PÓS-PANDEMIA.
POR CHRISTOPHER CHENEY
Ao enfrentarem a pandemia de coronavírus, os profissionais de saúde da linha de frente correm risco de desenvolverem condições de saúde mental, como depressão e ansiedade. Para proteger sua saúde mental durante a pandemia de coronavírus, os profissionais de saúde devem se concentrar no autocuidado e procurar ajuda profissional para condições graves de saúde mental, como a depressão.
A principal ação que as organizações de saúde podem adotar para apoiar a saúde mental dos profissionais de saúde é comunicar claramente os desenvolvimentos de pandemia.
Os desafios de saúde mental para os profissionais de saúde durante a pandemia incluem o medo do desconhecido.
Durante a pandemia da doença de coronavírus 2019 (COVID-19), as necessidades de saúde mental dos profissionais de saúde não devem ser negligenciadas, diz um especialista em resposta a desastres.
Os profissionais de saúde estão em uma posição precária na linha de frente da luta contra o COVID-19.
Na China, Itália e Espanha, milhares de profissionais de saúde foram infectados com o coronavírus. Na semana passada, mais de 150 profissionais de saúde em quatro hospitais de Boston estão com suspeitas de terem sido infectados.
Os Líderes da Saúde conversaram com o especialista em resposta a desastres Regardt “Reggie” Ferreira , PhD, para obter sua perspectiva sobre o impacto na saúde mental dos profissionais de saúde durante a pandemia.
Ele é professor associado da Escola de Serviço Social da Universidade de Tulane e diretor de programa da Academia de Liderança em Resiliência a Desastres da Universidade de Tulane, em Nova Orleans.
Ferreira é diretor de programa da Academia de Liderança em Resiliência a Desastres nos últimos quatro anos e trabalha no campo de resposta a desastres desde 2002.
A seguir, uma transcrição levemente editada de sua discussão com os HealthLeaders.
HL: Você tem como orientar qual deve ser o apoio à saúde mental dos profissionais de saúde durante a pandemia do COVID-19?
Ferreira: O aspecto da saúde mental em um desastre muitas vezes fica para trás. Especialmente para socorristas e pessoal médico, mais muita atenção deve ser dada a esse assunto.
HL: Para os profissionais de saúde, quais são as principais preocupações de saúde mental durante a pandemia?
Ferreira: É provável que os profissionais médicos experimentem medo, ansiedade e uma sensação de impotência. Pode até haver aspectos como raiva constante e até raiva contra as pessoas que não seguem os protocolos de distanciamento social.
Também pode haver fadiga da compaixão.
Os profissionais de saúde já tinham trabalhos estressantes no dia-a-dia. Adicionar as tensões adicionais da pandemia do COVID-19 – onde existem tantas incógnitas – será difícil para os profissionais de saúde.
Há muita incerteza sobre o que virá e isso pode se agravar e se infiltrar na vida doméstica. Há uma gama de emoções que estão sendo sentidas nesta fase da pandemia.
HL: Existem respostas emocionais que podem levar a uma grave crise de saúde mental para os profissionais de saúde?
Ferreira: Por todas as coisas que mencionei, se não forem abordadas, elas podem se agravar, a depressão e a ansiedade podem surgir. A longo prazo, se os profissionais de saúde estiverem constantemente operando sob medo, eles podem cometer erros.
HL: O que os profissionais de saúde podem fazer para evitar o desenvolvimento de problemas de saúde mental durante a pandemia?
Ferreira: Os profissionais de saúde devem se concentrar no autocuidado que pode incluir a leitura, a participação em fóruns de auto-ajuda, a manutenção de um diário, a limitação da exposição nas mídias sociais, a conversa com um amigo ou ente querido sobre o que estão vivenciando, fazendo exercícios físicos, fazendo meditação e atenção plena, e se desligando quando vão para casa.
Essas são todas as coisas que os profissionais de saúde podem fazer e que são bastante fáceis de fazer se forem priorizadas.
Se os profissionais de saúde perceberem que estão entrando em depressão, devem conversar com um conselheiro ou terapeuta.
HL: O que os sistemas de saúde, os hospitais e as práticas médicas podem fazer para apoiar a saúde mental dos profissionais de saúde durante a pandemia?
Ferreira: No topo da lista está a comunicação clara com os profissionais de saúde. Eles deveriam estar recebendo atualizações constantes – essa é uma situação muito fluida e há novas pesquisas sendo publicadas. Precisa haver alinhamento de informações entre prefeituras regulares com médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde.
As unidades de saúde também devem fornecer os recursos necessários para a prestação de cuidados com segurança, o que é difícil com a escassez de materiais e equipamentos.
Algo tangível que pode ser útil é fornecer transporte para os locais de residência dos profissionais de saúde; e, se forem necessários o isolamento, os estabelecimentos de saúde devem fornecer moradia.
Conversei com um médico em Nova York e ele disse que muitos membros da equipe têm medo de ir para casa porque têm parentes com diabetes, DPOC e outras condições, e não querem ir para casa e infectar membros da família.
As organizações de saúde podem oferecer aconselhamento e ter grupos de apoio disponíveis – elas podem ampliar o sistema de apoio social no trabalho.
Tenho certeza de que existem muitos terapeutas nos sistemas de saúde que estão dispostos a avançar e ajudar os profissionais de saúde.
HL: Do ponto de vista da saúde mental, quais aspectos dessa pandemia poderiam ser mais desafiadores para os profissionais de saúde?
Ferreira:
O desconhecido.
Tememos o desconhecido, e o medo cria estresse.
Meu conselho é levar a situação dia a dia de modo muito fluida.
É importante não olhar muito longe para o futuro. É melhor ir aprendendo no dia-a-dia, porque se você tentar olhar dois ou três meses no futuro, o medo pode levar à ansiedade e à depressão.
Se tivermos cuidado com o racionamento, e estrangulamento das estruturas hospitalares haverá decisões a serem tomadas que serão de vida ou morte.
Os médicos serão confrontados com essas decisões – terão que afastar alguns pacientes ou, escolher entre eles.
Nota da REDAÇÃO SEU AMIGO GURU. Por tanto: Se você não for um profissional que trabalhe nas funções essenciais, fique em casa! E não arrisque a sua vida, pois quando você se arrisca, você coloca em risco muito mais gente, e sobretudo, coloca em risco a vida do profissional da saúde. Não permita que o sistema de saúde do seu país entre em colapso porque quem sofrerá com essas duras escolhas, serão esses profissionais da linha de frente que se arriscam enfrentando o perigo, enquanto todo o resto foge dele.
* Escrito por Christopher Cheney é o editor sênior de cuidados clínicos da HealthLeaders. Traduzido e adaptado pela REDAÇÃO SEU AMIGO GURU.
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