De vez em quando gosto de não fazer nada. Gosto de ouvir o meu próprio silêncio. Gosto de imaginar que em meu mundo já encontrei tudo que preciso.
Por vezes me culpo e me perdoo pela imaturidade e pelas coisas que engoli sem digerir; me perdoo por ter feito papel de boba, por ter deixado que me colocassem sempre em último plano.
Lembro das vezes que bati a porta e não me submeti mais aos caprichos alheios. Lembro das vezes que sussurrei agarrada ao travesseiro pedindo pra me deixarem em paz.
Gosto de rabiscar meus desejos, de aproveitar o tempo que tenho, e sentir que ao caminhar posso tocar os pés sem querer sair correndo com medo do ar que possa me faltar.
Gosto de sentir paz, de cadenciar meus sentimentos e não deixar que minha vida fique feito um troféu empoeirado enfeitando a estante.
Já fiz isso antes.
Já não comprimo o peito, solto o que machuca e não ofereço o que não posso dar.
No fundo quando paro e penso, quando me isolo e me respeito, sinto que estou oferecendo mais amor por mim; sem ser egoísta com o próximo, sem canalizar meus defeitos e sem insistir naquilo que como cena de filme, terminou.
Não quero reprise, não quero prejudicar ninguém.
Sabe, às vezes ser gente grande é complicado; é improvável, impreciso.
Mas estou alerta ao que camufla e vem disfarçado de boas intenções, estou alerta como quem sabe da responsabilidade adquirida ao ter uma vida pra viver.
Gosto do café quente, da conversa com gente amiga, de ouvir minha música preferida repetidamente até a exaustão.
Por vezes me vejo em uma terra de gigantes; as vezes, me vejo no meio de gente pequena e sem coração.
Quando isso acontece prefiro o silêncio, prefiro ficar sem fazer nada, só ouvindo a voz que vem de dentro!
Me abraço nessa solidão passageira, e digo que vai ficar tudo bem!
A vida é isso. Um percurso onde Deus já traçou o meu caminho e eu estou colhendo o que plantei.
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