A CORAGEM DE SER IMPERFEITO
Num mundo em que as pessoas criticam e julgam sem nem mesmo conhecer a realidade do outro, colocar-se em vulnerabilidade pode ser aterrorizante.
A pesquisadora Brené Brown nos fala sobre como é libertador ter a coragem de ser imperfeito.
A pesquisadora americana Brené Brown, famosa por estudar o tema da vulnerabilidade e da vergonha, escreve em seu livro A coragem de ser imperfeito:
“Ser perfeito e à prova de bala são conceitos bastante sedutores, mas que não existem na realidade humana. Devemos respirar fundo e entrar na arena, qualquer que seja ela: um novo relacionamento, um encontro importante, uma conversa difícil em família ou uma contribuição criativa. Em vez de nos sentarmos à beira do caminho e vivermos de julgamentos e críticas, nós devemos ousar aparecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia”.
Essas palavras tocam fundo nos sentimentos de vergonha e empatia que todo ser humano vivencia. A autora passou anos estudando esses comportamentos até compreender que as pessoas verdadeiramente satisfeitas com suas vidas, as que ousam viver uma vida plena, têm um aspecto em comum: elas aprenderam a enfrentar o medo da vulnerabilidade.
Para Brené Brown, viver plenamente quer dizer abraçar a vida a partir de um sentimento de amor próprio, significa cultivar coragem, compaixão e vínculos suficientes para acordar de manhã e se sentir merecedor de amor e aceitação.
Segundo as entrevistas que fez, as pessoas plenas atribuíam todas as suas conquistas – desde o sucesso profissional até o casamento e os momentos felizes como pais – à capacidade de se tornarem vulneráveis, de compartilharem medos, sofrimentos e insucessos, de se lançarem a novos projetos mesmo com possíveis críticas, em suma, de enfrentarem a imperfeição.
Durante todo o livro, a pesquisadora nos faz refletir sobre como estamos lidando com a vulnerabilidade em nosso dia a dia, em nossas relações conjugais, familiares, profissionais, em sociedade.
Num mundo em que as pessoas criticam e julgam sem nem mesmo conhecer a realidade do outro, colocar-se em vulnerabilidade pode ser aterrorizante. Estar na arena da vida, sob os olhos sedentos dos que precisam de escudos contra a vulnerabilidade – como o perfeccionismo e o entorpecimento de viver sempre atarefado -, é uma atitude corajosa e engajada aos valores mais profundos da pessoa.
Saber viver de modo coerente à própria imperfeição é estar conectado à verdadeira natureza humana. É ter consciência de limites e alcances, é não se colocar como escravo da aparência e do julgamento alheio. Na definição de Brené Brown, é viver com ousadia. Para isso, é preciso deixar as intenções claras, impor limites e cultivar vínculos.
Ela sugere que se façam escolhas muito determinadas, como jamais dar ouvidos a opiniões que não venham de pessoas que passam pelos mesmos dramas que você. Ou seja, nunca se importar com quem apenas critica. “O julgamento pode exacerbar o isolamento”, afirma.
Ela também só compartilha com os outros histórias e experiências que já tenham sido trabalhadas e resolvidas. Não compartilha histórias “íntimas” nem com feridas ainda não cicatrizadas a quem não esteja dentro do pequenino círculo de amizades com as quais pode se mostrar vulnerável.
O livro aborda o tema da coragem de ser imperfeito em aspectos como o trabalho, a escola, a criação dos filhos, a vida conjugal.
Enquanto vai descrevendo situações e desfilando dados de sua pesquisa, a autora aprofunda a importância de vivermos com o propósito de sermos verdadeiros conosco e com quem convivemos.
Os ganhos dessa vida sincera e honesta, sem máscaras e sem o peso de lidar com julgamentos – sejam nossos ou alheios -, acolhendo nossa imperfeição com amorosidade e respeito, são tão grandes que nos tornamos pessoas com as quais todos querem estar. Afinal, nossa humanidade está escancarada.
Enquanto a maioria precisa gastar uma energia gigantesca para esconder suas vergonhas e defeitos, quem vive com ousadia pode simplesmente relaxar e ser quem é.
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