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Estresse, tédio e insatisfação pessoal podem ser os principais motivadores da gula emocional.

A gula é um dos 7 pecados capitais, e não foi à toa não que ela foi selecionada para se juntar a esse “rol” das principais atitudes que o ser humano deve evitar na vida.

Para aqueles que adoram se jogar no prazer de comer, as questões emocionais geralmente são deixadas de lado, e eles acabam “juntando a fome com a vontade de comer”.

Mas é inegável que a maioria dos habitantes dessa Terra sentem um prazer inenarrável em comer.

A questão a ser discutida é: “Tu comes para viver ou vives para comer?

Se você busca na comida uma fuga para os seus problemas emocionais, ou assalta a geladeira de madrugada buscando um prazer momentâneo que te acalmará a ansiedade, algo pode estar errado com você! E você precisa entender que, no seu caso, a ajuda profissional é imprescindível.

A gula é a fome que não sacia, é a vontade descontrolada de comer ou beber algo.

Um desejo que vem como uma força quase incontrolável e quando se evidencia o descontrole, ela é capaz de agredir o nosso corpo, a nossa mente e, a maneira como somos vistos na sociedade.

Observando um guloso inveterado podemos filosofar sobre suas características básicas:

O estresse, a rotina estafante e o tédio, diários, levam a uma insatisfação pessoal e a um desequilíbrio emocional que escraviza aquele que busca resolver todas as suas questões emocionais comendo. É como se o indivíduo quisesse engolir os seus problemas, todos de uma só vez, com o intuito de fazer com eles desapareçam da sua frente.

LEIA MAIS: A vida te devolve em dobro aquilo que você oferece a ela

E nessa toada, aquele que pensa estar faminto, revela total falta de controle frente as suas reais necessidades de alimento, tanto quando se observa a velocidade com que esganadamente come, quanto a sua falta de discernimento e limite da quantidade, para muitos, absurda, do que ele consome.

A gula, nesses casos, passa a ser a satisfação do insatisfeito.

O insatisfeito crônico revela um desejo exacerbado e incontrolável de possuir, de sentir prazer de maneira fácil e rápida e, é nesse momento, que ele se revela “guloso”.

Geralmente essa necessidade ávida por comer tudo que se vê pela frente se revela em pessoas extremamente apaixonadas.


Foto: Reprodução

A paixão ao longo da história sempre é mencionada como um dos principais motivos de queda até dos seres humanos mais poderosos que já passaram por esse mundo.

A própria Igreja caracterizou a gula como pecado e a relacionou com um impulso de paixão que deveria ser dominado através do Jejum.

O ato de comer deve estar atrelado a necessidade e a saúde, e devemos consumir apenas o que o nosso corpo precisa.

Dominar os prazeres da carne sempre foi extremamente difícil para os homens, mas alguns já conseguiram vencer as fraquezas do instinto e superar os vícios.

O prazer egoísta por si só nos destrói aos poucos. Comer demais pode levar o guloso a um estado doentio e causar doenças sérias o condicionando num caminho que poderá o levar a morte.

O alimento deve ser apreciado, degustado, sentido.

O ato de comer deveria ser um momento sagrado, onde entendemos, conscientemente, que a comida nos abastecerá e nos nutrirá para que permaneçamos saudáveis e nos sintamos dispostos para realizar nossos feitos diários.

Quando passamos a nos alimentar em desequilíbrio, desequilibramos também a nossa saúde e nos sentimos pesados.

Com o passar do tempo o peso fica maior, não apenas esteticamente, na balança, mas emocionalmente.

Os excessos acabam escondendo uma profunda falta, e essa falta, é reflexo da insatisfação e do desgosto que o individuo sente pela própria vida.

A vida dele está sem gosto, perdeu o sabor, e ele busca na comida o tempero que a vida perdeu.

Mas a vida pede cuidado e só permanece saudável aquele que consegue vencer a gula e aprende a se alimentar com equilíbrio.

“A GULA É UM DESEQUILÍBRIO EMOCIONAL PROVENIENTE DE UM CÉREBRO PRIMITIVO QUE SENTE NA MASTIGAÇÃO A SATISFAÇÃO DA CONQUISTA E NO ATO DE ENGOLIR O ALÍVIO DE ESCAPAR DA MORTE ARMAZENANDO MAIS DO QUE PODE E DO QUE PRECISA.”

Para vencer a gula primeiro é preciso vencer a ansiedade

No primeiro ano das nossas vidas, a fixação na fase oral pode levar a compulsão por engolir, ato que poderá revelar nas fases subsequentes alguns vícios:

Fumar, consumir bebidas alcoólicas, roer as unhas, usar drogas, morder tampa de caneta ou lápis, mordiscar as golas das camisetas, entre outras atitudes passivas e compulsivas.

Introduzir algo de forma viciosa está ligado diretamente a uma doença psicológica derivada da ansiedade. Algumas pessoas reagem a ansiedade tentando aliviá-la através da comida ou do ato de morder coisas e objetos.

A mastigação alivia a ansiedade devido ao fato do nosso cérebro primitivo enviar a informação de satisfação pelo ato de comer, pois somos predadores.

Para aqueles que são movidos pela gula, comer pode ser o momento de distração necessário para não pensar nos problemas que, para eles, são insolúveis.

Gosto de relacionar os 7 pecados capitais, vejo que todos possuem uma relação intrínseca, vejam só:

Inveja — A gula é a inveja da saúde.

Querer apreciar o que o outro disse ter apreciado, ou comer o que o outro disse ter sido bom apenas para se sentir tão bom ou melhor do que o outro.

Preguiça — A gula é a preguiça de jejuar.

A falta de ter o que fazer leva o preguiçoso a comer mais. É um bom passatempo para ele.

Avareza — É o ato de comer tudo para não deixar para o próximo.

A falta de compaixão pela necessidade alheia, colocando a sua necessidade a cima da necessidade dos outros.

Luxúria — Costumam dizer que a gula é a mãe da luxúria.

Deixar-se dominar pela paixão da comida e viver a experimentar os variados pratos e guloseimas. O ato de comer até passar mal.

Ira — A raiva pode ser descontada na comida.

A gula é usada por quem tem ira para descontar sua raiva ou descontentamento e não ter que fazer isso de fato a quem ou àquilo que o deixou irado.

Orgulho ou vaidade — A consumo exagerado como demonstração de status e poder financeiro.

A necessidade do guloso em frequentar constantemente bons restaurantes e usufruir dos prazeres da boa mesa se deleitando com guloseimas requintadas que sustentam a sua aparência de bem-sucedido.

Se você se considera um guloso de verdade, pare e pense:

O que está me incomodando tando internamente que me faz entrar nesse ciclo de descontrole emocional?

Se pergunte o que está te causando tanto mal, o que te faz ficar tão ansioso, o que pode estar revelando esse seu comportamento compulsivo?

Pense: Eu preciso de ajuda?

Se a resposta for um sonoro SIM, então não perca mais tempo e saúde, busque ajuda de profissionais, tanto no campo da psicologia e terapias alternativas, quanto de um “personal” ou academia para te ajudar nas atividades físicas que o ajudarão a eliminar as toxinas que você vem acumulando durante os anos e que podem estar afetando gravemente a sua saúde.

Busque fazer coisas que você realmente sinta prazer, mas que não estejam atreladas ao ato de comer, coisas que te elevem a autoestima e te façam sentir prazer em viver.

Crie metas de pequeno e longo prazo para alcançar as mudanças que deseja, tanto no campo emocional quanto no físico.

Desenvolva o hábito de beber água sempre que sentir vontade de comer, com o passar do tempo essa prática começará a te ajudar a diminuir a quantidade de alimento que você consome diariamente.

Pesquise mais sobre a alimentação saudável, existem muitos alimentos saborosíssimos e que fazem muito bem a saúde, adicione todos eles ao seu novo estilo de vida.

Evite a tentação de comprar itens desnecessários no supermercado e de deixar a geladeira sempre cheia. Além de muitas vezes levar ao desperdício, esse hábito alimenta a sua compulsão. Mude isso!

Tente ocupar a mente e o corpo, a preguiça deve ser vencida diariamente.

LEIA MAIS: A preguiça é a “muleta” dos incompetentes. Só alcançará o sucesso quem conseguir caminhar sem ela.

Se você possui uma forte dificuldade em amar a si mesmo, busque ajuda para isso também. Existem profissionais maravilhosos que contribuem muito nessa busca pela elevação da autoestima.

A falta de autocontrole é constante entre os gulosos, portanto, é imprescindível que você comece a se dedicar a atividades relaxantes e meditativas que contribuam para que você se sinta mais satisfeito com a sua vida, e desenvolva um controle mais racional em relação a comida.

Não deixe para amanha, comece essa mudança hoje mesmo, e receba o melhor da vida, oferecendo o melhor que há em você à ela!

*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com

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Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.

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