Eu descobri que ainda tenho muita coisa a fazer e que nenhum abalo me levará a ser uma pessoa fracassada ou desumana, um ser incapaz de (re) amar; que não serão as respostas atravessadas ou o olhar de reprovação que me fará morrer para a vida, para os sonhos e para os instantes que acolho com meu jeito mais discreto e simples, impondo-me, sim, aos meus desejos e sentimentos.
Eu descobri que não preciso planejar meus dias porque Deus se encarrega de cuidar para que eles sejam o que tiverem de ser, para que eu toque a campainha da alma e abra meu coração para os momentos, sabendo arcar com as consequências dos meus atos e decisões.
Eu não vou me moldar dentro do que os outros esperam de mim porque eu já vivi muita coisa e aprendi onde é meu lugar, onde eu quero estar, e onde eu posso acreditar; que mentiras sinceras por vezes vêm disfarçadas de uma boa dose de falsidade e infelicidade anunciada.
Eu descobri que o que vai tarde é o que a paciência tolerou é o que desaguou, é o que não transbordou mais minha vida em felicidade ou caminho livre, travando meu jeito de andar, meu jeito de tratar os outros, meu jeito de ser correspondida com o que sou.
Não me imagino uma marionete manipulada; não me imagino um livro sem página, ou uma tela em branco sem luz, sem sabedoria, sem nenhum tipo de aprendizado físico e espiritual.
Eu não preciso me aprisionar ao pensamento, do outro ao que o outro pensa a meu respeito ou ao que eu preciso respirar e sentir.
Parei de dar corda, parei de dar linha, parei de achar que as pessoas mudam e deixam de serem fachadas expostas pela falsidade ou pela impiedosa maneira de prejudicar o coração alheio.
Não tenho culpa se aprendi a ser honesta comigo, não tenho culpa se já não espero nada de ninguém, se eu transito onde posso com minha própria permissão, sem importunar quem não tem qualquer tipo de ligação com meu interno.
Por vezes, eu enxergo o mundo externo feito de casas de papel, de pessoas que se moldam dentro de uma linhagem parecida, dentro de coisas oportunas, dentro da vaidade e da exposição centralizada apenas na matéria e na posse de bens materiais, que por vezes servem de fachada para uma falsa vida, uma falsa alegria.
Eu descobri que o desprendimento proporciona uma endorfina maior de amor, uma endorfina maior de proximidade com aquilo que é tangível e mágico.
Não sou posse, não sou nada além de um ser que erra e muito, mas que nessa caminhada conseguiu reagir e nutrir-se de mais sinceridade ao ser razão, ao ser emoção e ao ser o que realmente desperta minha curiosidade existencial.
Não preciso que se firme em minha imagem, não preciso que me digam o que tenho que fazer.
Eu descobri que onde o sol nasce a vida não morre, e onde anoitece há o descanso merecido no colo de Deus.