Existe uma divindade que ampara aqueles que já desistiram, aqueles que não aguentam mais, aqueles que já entregaram os pontos.
Essa divindade cuida daqueles que não enxergam motivos, daqueles que não acham que vale a pena, e daqueles que não se importam se sim ou se não.
Acolhe, zela e cuida como mãe, enquanto desenhas os amanhãs na linha tênue entre o viver e o sobreviver.
Na densidade do silêncio, sussurra ideias novas, na tentativa de despertar ânimos.
No escuro, corta o frio para acolher e abraçar os que já tentaram partir e não conseguiram, os que não tiveram coragem e os que estão prestes a, ajuda a não cometerem insanidades que se arrependerão depois.
Ninguém nunca vê seu rosto, ninguém nunca toca suas mãos, mas todo corpo desgastado implora por seu afago.
Não é a morte, é a divindade que intercede entre ela e a vida.
A santa divindade dos casos impossíveis, das dores de décadas e dos poços de tristezas.
É a santa divindade da ultima hora, da última chance e de quem briga sabendo que se apegar a ela significa saber que, por mais assustador que o agora se pareça, o amanhã, há de ser mais bonito.