Filme “O Milagre” revela os males do fanatismo religioso e do patriarcado.
O Milagre (The Wonder – 2022)
Em 1862, uma enfermeira (Florence Pugh) inglesa assombrada por seu passado vai até um remoto vilarejo irlandês para investigar o jejum supostamente milagroso de uma jovem (Kíla Lord Cassidy).
A autora do livro original, a irlandesa Emma Donoghue, trabalhava em “Room” a necessidade do indivíduo querer abandonar a caverna de Platão, alegoria que foi competentemente respeitada em sua excelente adaptação cinematográfica, “O Quarto de Jack” (2015), de Lenny Abrahamson.
Ela desenvolveu ainda mais a discussão em “The Wonder”, publicado em 2016, e, novamente, a mensagem é transposta para o audiovisual com muita personalidade e inteligência emocional, desta feita, pelas mãos do diretor chileno Sebastián Lelio.
A opção de iniciar e terminar a obra O Milagre, desconstruindo o elemento cênico evidencia a mensagem principal da trama: a teatralidade como veículo de libertação ou aprisionamento.
Alguns textos na imprensa, obviamente enviesados politicamente, estão batendo na tecla de que o filme ataca os males do fanatismo religioso e do patriarcado. O problema é que os mesmos veículos não enxergam fanatismo na agenda que seus jornalistas pregam diariamente.
O próprio fato de extraírem apenas este ponto da complexa proposta filosófica do roteiro em suas análises reforça a sustentação frágil de sua doutrina “progressista”, em suma, adultos que agem exatamente como a menina Anna (Kíla), desviando os olhos da verdade, leia-se, das consequências reais nas páginas da História do movimento que defendem, em nome de uma construção social fantasiada que se sustenta na pura crendice.
O contexto é real, o fenômeno das garotas que praticavam o jejum prolongado na era vitoriana, algo que era frequentemente relacionado à religião, aos olhos modernos, a anorexia como forma de conquistar o status de especial, uma fama com prazo de validade curto, já que a maioria falecia no processo.
As famílias se beneficiavam financeiramente com os vários devotos que viajavam longas distâncias objetivando “tocar o divino”, e, claro, os dignitários dos locais apreciavam sobremaneira a atenção.
Lelio, que assina o roteiro com Alice Birch, acerta ao explorar a força da teatralidade na formação psicológica do indivíduo, não apenas no terreno criativamente fértil da infância, mas, principalmente, como ferramenta transformadora na vida adulta.
O Taumatrópio que, ao girar nas mãos da menina, repetidamente liberta e aprisiona o pássaro na gaiola, representa a capacidade humana de moldar, com suas escolhas, o direcionamento existencial, no caso, tudo depende de um simples movimento de dedos no brinquedo óptico.
Querer acreditar pode ser mais poderoso do que verdadeiramente crer, as motivações viscerais suportam até mesmo a constatação do truque. E é com base nisto que a humanidade é manipulada para o bem e, como estamos testemunhando globalmente nos últimos dois anos, para o mal.
Uma enfermeira dedicada, como a personagem vivida brilhantemente por Florence Pugh, sempre será uma pedra no sapato do sistema.
“O Milagre” suscita reflexões preciosas e que sobrevivem horas após a sessão, um dos melhores filmes do ano.
*DA REDAÇÃO SAG. Por Devo Tudo ao Cinema
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