Todos sabemos que a vida é cheia de desafios e nem sempre temos o controle de algumas circunstâncias que nos acontecem.
Algumas vezes sequer temos estratégias desenvolvidas para lidar com algumas “surpresas tempestuosas” que nos acontecem.
Infelizmente, a vida não vem com um manual de instruções e, geralmente, o aprendizado pode ser amargo, feito a duras penas, entre tropeços, quedas e possível retomada do caminho.
Viver é um constante exercício de superação – ou não e isto vai depender se temos – ou não uma resiliência bem desenvolvida.
Segundo Freud: “Somos feitos de carne mas temos de viver como se fôssemos de ferro”.
Estou de acordo, mas segundo os pressupostos da resiliência, seria bem melhor que fossemos feitos de qualquer material que diante de um impacto, retomássemos a nossa forma original, pois o ferro não é resiliente, apenas resistente, se deformando e se “paralisando”.
Por outras palavras, precisamos ser flexíveis diante das adversidades da vida. E para isso, precisamos de resiliência.
Resiliência é a capacidade de superação diante das adversidades, de funcionar de maneira otimizada diante do estresse, dos traumas e das pressões do dia a dia, mantendo uma visão realista, mas esperançosa e otimista do presente e do futuro.
Um aspecto muito importante na resiliência é a atribuição de um sentido e significado existencial, mesmo quando há sofrimento.
Por exemplo: Estou passando por esta adversidade, contudo estou aprendendo grandes lições que irei levar para a vida e aplicar em outras situações semelhantes, me saindo melhor da próxima vez.
Como uma pessoa resiliente percebe as circunstâncias adversas da vida?
Uma pessoa resiliente percebe os acontecimentos como uma forma de aprendizado e oportunidade de autodesenvolvimento e aprimoramento.
Obviamente, que na condição de seres humanos, mesmo as pessoas mais resilientes tem suas angústias e questões existenciais, mas estes sentimentos servem como trampolim para transformarem situações adversas em oportunidades únicas que somente os momentos difíceis reportam.
Pessoas resilientes não perdem tempo nem energia sendo vítimas das circunstâncias, pois sabem que a vitimização é um campo infértil para a renovação e o florescer da vida.
Elas sabem que adversidades existem e que muitas vezes elas mesmas contribuíram de um certo modo para os acontecimentos indesejáveis. Contudo, elas possuem uma força interior capaz de superar e transformar qualquer circunstância.
Em suma, a pessoa resiliente escolhe ser parte da solução e nunca do problema, se responsabilizando por seu bem estar e qualidade de vida, acreditando em si mesmo e na vida e seguindo em frente sempre, apesar das tempestades que vez ou outra anunciam em sua existência.
Por ter um senso de auto responsabilidade e protagonismo diante dos reveses, possuem uma força interior para que processos depressivos e ansiosos não se instaurem e tampouco se cronifiquem.
A importância em aprender a administrar as expectativas da vida, bem como as possíveis frustrações existenciais:
Não coloque expectativas irrealistas em pessoas e circunstancias.
É necessário estudar bem o terreno em que se pisa, pois expectativas infundadas, mal avaliadas e mal questionadas são campos férteis para a frustração e a desilusão.
Lembre-se que nada vale sua paz, seu equilíbrio e sua saúde mental e física.
Como diz o ditado popular, “Às vezes é melhor estar em paz do que ter razão”.
Desenvolva sua força interior para que esta esteja ancorada como suporte para quaisquer acontecimentos que possam surgir.
Muitas vezes, não poderemos manejar as situações externas, o que poderemos é modificar as percepções dentro de nós e de como iremos abordar e trabalhar as circunstâncias. Isto precisa ser feito através do manejo das habilidades socioemocionais e das condutas assertivas.
Talvez não possamos naquele dado momento modificar o mundo externo, mas certamente poderemos modificar o nosso mundo interno e este posicionamento faz toda a diferença, visto que as grandes mudanças da nossa vida sempre partem de dentro para fora.
Se algo lá fora não muda, tente mudar suas percepções, comportamentos e posturas. Garanto que sua vida não permanecera a mesma.
A partir desta perspectiva, você poderá experimentar em sua vida prática os frutos benéficos advindos de uma conduta positiva que fará toda a diferença em sua vida. Portanto, a prática de saber gerenciar nossa condição de humanidade, de uma certa vulnerabilidade a constantes mudanças é a chave para proporcionar uma vida equilibrada e conseqüentemente de qualidade, pois em nossas vidas haverão dificuldades e desafios que precisarão ser superados.
O desenvolvimento da resiliência é um preventivo contra crises psíquicas, estados ansiosos e depressivos:
De uma forma geral, os estados depressivos estão associados com o desamparo aprendido, enquanto os estados ansiosos se relacionam com o controle das circunstâncias da vida.
Se pararmos para refletir, um pode estar relacionado com o outro, pois a partir do momento em que tentamos controlar as circunstancias e não temos uma resposta de controle eficaz, entramos em desesperança, dando espaço a estados depressivos.
Por outras palavras, aprendemos que por não termos controle, não vale a pena continuarmos lutando e esta postura desesperançosa e desmotivada são bandeiras vermelhas para um mergulho na Depressão.
Quando aprendemos a administrar nossas emoções, a ter uma visão otimista de si, buscando um sentido existencial do futuro e da vida, tendo uma rede de apoio social coesa, que são as relações interpessoais gratificantes, como família e amigos e quando aprendemos a fazer uma análise ambiental, seja do nosso mundo interno que do mundo externo, incluindo os fatores protetivos e de risco, certamente a vida se tornará mais fácil de ser administrada.
E tudo isto está diretamente relacionado ao autoconhecimento.
Neste contexto, verificamos que com o fortalecimento da resiliência, saímos da escuridão de nossas percepções sombrias, para encontramos a luz de nossos insights, no intuito de solucionarmos problemas e situações desconfortáveis que não poderíamos visualizar em um estado depressivo, por exemplo.
Não menos importante é sabermos que certas coisas ocorrem em seu tempo, compreensão difícil para quem se encontra em um estado de ansiedade.
Indubitavelmente, o desenvolvimento da resiliência nos granjeia uma nova coloração à vida, pois nos tornamos mais responsáveis conosco e com os outros, autoeficazes, proativos e fortalecidos para enfrentarmos o que vier nesta vida, não com resistência, mas sobretudo com flexibilidade e o sentimento de superação que é a marca da resiliência.
E você, se considera uma pessoa resiliente?
*DA REDAÇÃO SAG. Foto de Nathan Dumlao no Unsplash
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