Nunca tente calçar os sapatos do outro, eles sempre irão te machucar.

Minha vida até 5 anos atrás foi uma estrada cheia de curvas, buracos e pedras enormes por onde eu caminhava descalça. Os joelhos estavam ralados, as mãos cortadas, o peito profundamente ferido… mas eu insistia em caminhar pela mesma estrada, descalça.

Sempre que podia, cutucava as feridas com meus próprios dedos ou “pedia” que outras pessoas o fizessem. Em seguida, me deitava no chão, daquela mesma estrada, a chorar.

Um dia, a “cutucada” foi mais profunda. O corpo e a mente estavam profundamente cansados e desabaram. Ali no chão, sem força e ferida demais pra tentar qualquer movimento, fui definhando e cansando ainda mais.

Via as pessoas passando e olhando, algumas pisaram, outras chutaram, julgaram… Mas ninguém, ninguém mesmo, tinha maior poder para me julgar mais que eu mesmo.

Culpa, medo, raiva. Só quem já esteve deitada nesta estrada sabe o que senti.

Então, vi uma luz e uma mão se estender em minha direção. Agarrei com força! Mesmo com medo. E vieram mais mãos, todas muito iluminadas.

Elas me mostraram que havia uma estrada diferente. Que nessa nova estrada era possível caminhar com sapatos de ouro, bem confortáveis em seu interior. Que além de lindos, radiantes, esses sapatos eram mais fortes que as pedras e tinha o poder de torná-la pequenas e converte-las em degraus de uma escada, também feita de ouro, rumo à luz de onde vinham as mãos.

Mas, para calçar os sapatos, eu precisava amar, perdoar e agradecer.

Sentei a beira da estrada e comecei a olhar para cada uma daquelas feridas.

Tocava-as, chorava, copiosamente.

Em seguida, perdoava e agradecia por elas.

Foram elas que me tornaram a pessoa que eu era naquele momento. Ajudaram a moldar meu caráter e encontrar aquelas mãos.

Algum tempo depois, estava sorrindo novamente. Celebrando as pequenas coisas, falando sobre as mãos e a Luz. E, quando dei por mim, já conseguia andar com os meus próprios sapatos.

No começo, era complicado caminhar com eles. Às vezes, dava um passo atrás. Em seguida, dois à frente. Mas nunca mais parei de caminhar ou tirei meus sapatos de ouro.

Eles me lembram, todos os dias, que estou aqui por um motivo: ajudar o máximo de pessoas possível com meus dons.

Para isso, preciso me conhecer melhor, me amar e respeitar. E o faço todos os dias!

Conforme vou fazendo o que vim fazer, os passos ficam mais suaves, a escada vai ganhando novos degraus que subo honrando e agradecendo.

Agradeço cada pedra que retirei dos meus sapatos, e vejo-as compondo os degraus de um percurso longo, mas os meus sapatos os tornam mais suaves.

E você, também quer calçar estes sapatos?

*Foto de Paul Castanié no Unsplash

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escritora, promotora de vendas e divulgadora Seicho No Ie (SNI). Apaixonada pela vida, acredito na auto cura, na gratidão e amor ao próximo. Autora do livro "O Diário da Ana".