O amor quando nasce na gente vem com cheiro de vento manso varrendo o mato numa tardinha de domingo, invadindo nosso coração com o céu azul e com um sol carinhoso.

Vem com música de mil cigarras cantando juntas sem motivo aparente, nenhum outro além do fato de estarem vivas.

Chega com a vista de uma cidade pequena mirada de seu ponto mais alto.

O amor rebenta trazendo uma esperança miúda com destino de grandeza.

Entrega em nossas mãos uma mudinha de planta preciosa e a tarefa de cuidá-la e fazê-la forte, segura, feliz.

Quando nasce na gente, o amor inunda a casa com perfume de bebê, talco, fralda, enxoval, sabonete infantil. Acorda de noite chorando, pedindo colo e carinho. E desperta em nós um instinto cuidador, confirma nossa vocação de gente direita.

É só o amor nascer na gente, e com ele, pousam em nós um bando de pensamentos felizes e esperanças calmas, feito pássaros, borboletas e bichinhos de jardim.

De sua terra fértil brotarão belezas e sonhos, ternuras e planos, alegrias em penca, ramos de gentileza e mudas de compaixão, florescendo brilhantes no solo firme da bondade que resta no mundo.

O amor, quando nasce na gente, rompe insistente o concreto, surge como fio de grama, ramo afincado no asfalto, florzinha amarela lançada ao céu.

Vem de qualquer jeito, mas aceita uma ajuda.

O amor adora uma mão estendida e um coração hospitaleiro.

Eu daqui faço minha parte.

Preparei sua terra, ajeitei-lhe o jardim, um canteiro, um vasinho para o amor se saber em casa, cravar raízes, vicejar vigoroso.

Agora o levo por aí, para espalhar suas folhas e flores em cada canto,e oferecer suas sementes, seus frutos a toda gente.

Para florescer em mais vida o amor que nasceu em mim.

Eu levo, sim.









Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.