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O “pão-duro” vive o pecado da avareza e suas atitudes revelam baixa autoestima, ou seu oposto, a vaidade extrema.

A avareza se manifesta quando o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo acúmulo de dinheiro revelam uma vaidade excessiva ou uma completa falta dela.

Esse desejo em possuir muito dinheiro para si, pode ocasionar inveja, cobiça, e também pode estar ligada a gula.

O indivíduo passa a querer mais e mais, de maneira irracional, pois se ele mesmo parar para pensar racionalmente, verá que daqui dessa vida, não se leva nada, nenhuma moeda…

LEIA MAIS: Estresse, tédio e insatisfação pessoal podem ser os principais motivadores da gula emocional.

Quando morrermos, independente da crença de cada um, seremos enterrados em buracos no chão, muito parecidos uns com os outros, só por isso, não deveríamos ser avarentos.

O avarento não consegue pensar que possui o suficiente para ser feliz porque vive um vazio existencial. Falta a ele, uma estima por si mesmo!

O problema é que o avarento não consegue ser feliz com pouco, e pensa que só será feliz se tiver muito!

Alguns se sentem menosprezados, possivelmente foram subjugados na infância. E quando se tornam adultos, vivem em constante pesar, buscando acumular mais e mais.

Mas quando conseguem acumular um montante, que para muitos é satisfatório, geralmente se tornam amargos, mesquinhos, egoístas, e com essa atitude se distanciam cada vez mais da tão desejada felicidade.

A questão é: De quanto precisamos para alcançarmos a felicidade?

A avareza e a baixa autoestima.

Precisamos de bens materiais? Sim, precisamos de uma certa quantia para o que é essencial, para que usufruamos do mínimo de conforto e nos sintamos seguros, mas o excesso, o acúmulo, podem ser sinais de uma busca por mascarar uma profunda tristeza interior, ou também podem revelar uma vaidade exacerbada.

O impulso por consumir ou acumular itens caros e vários dígitos em sua conta bancária pode ser um escape momentâneo para amenizar o vazio de viver uma vida sem propósito.

Nesse caso, a falta de estima por si mesmo pode levar o avarento a buscar no dinheiro a projeção social que acredita o fazer mais estimado pelos outros e por ele próprio.

Quando vivemos plenamente felizes, quando nos sentimos bem, as pequenas alegrias já nos agradam, e os luxos deixam de ser importantes.

Se eu não me sinto bem comigo mesmo, eu acabo ficando vulnerável a opinião dos outros.

Se dizem que preciso trocar o carro, que tenho que economizar, que a moda é passar as férias em um Iate… se sou do tipo avarento, me sentirei impelido, mesmo que isso não me traga felicidade alguma, a me enquadrar nesses moldes para me sentir bem e aceito!

Essa pressão em obter mais, seja imposta pela família, pela sociedade, ou pelo próprio avarento, o motiva a se tornar um infeliz sem escrúpulos.

Explicarei o porquê:

O avarento e a vaidade extrema

O avarento quando é extremamente vaidoso se torna um ser facilmente corruptível.

Quando o avarento é também vaidoso, ele prioriza os ganhos acima de qualquer outra coisa. Coisa essa que pode ser um ente “querido”, ou um amigo de longa data.

Para ele não existe laço afetivo capaz de impedir que ele ganhe vantagem em uma operação financeira, ou em outra transação que envolva bens materiais.

Ele gosta de mostrar aos outros o que possui, mas não gosta de dividir o que tem com ninguém.

A generosidade não é o seu forte!

Ele é aquele tipo que posta uma foto nas redes sociais com o que possui porque inconscientemente acredita não possuir qualidades internas para mostrar.

Ele é sovina, só gasta o seu dinheiro se tiver plateia olhando. Entre quatro paredes, a família sofre para retirar um vintém sequer dele, tudo é muito caro e, por tanto, dispensável, na sua visão tacanha. É o famoso, “mão de vaca”, ou “pão duro”.

Por conta disso, ele pode ser considerado egoísta pelas pessoas mais próximas.

Alguns, dominados pela avareza, justificam o “pão-durismo” dizendo que sofreram escassez na infância. Mas aquele que sentiu fome e se torna avarento, pode ser eximido do pecado da avareza?

Se no contexto dos 7 pecados capitais pensarmos que o avarento de hoje é o pobre e famigerado faminto de ontem, ele poderia ser perdoado?

Eis a questão!

Para que nos sintamos plenamente felizes a vida exige de nós um propósito, e aquele que foi paupérrimo e passou por privações pode se colocar determinado a se tornar próspero e, no decorrer da vida, por tudo que teve que fazer (se os meios escolhidos tiverem sido um tanto quanto sórdidos, ou até um pouco capitalista demais, se é que me entendem), esse homem poderá sim, vir a se tornar um avarento, se conseguir adquirir algum dinheiro na vida.

Geralmente eles conseguem!

Burlam aqui, corrompem ali, são corrompidos acolá, e seguem comendo pelas beiradas, trilhando rumos obscuros para conseguirem o que querem: Dinheiro e mais dinheiro.

O motivo que o fez sofrer na infância foi a falta, e essa lembrança causa nele uma angustia, pois teme vir a passar pela escassez novamente.

Essa lembrança se transforma em um trauma que o leva a guardar altas quantias, pois acredita piamente que poderá vir a precisar um dia.

Porém, não podemos generalizar.

O pobre só se tornará um rico avarento ou um ser pão-duro, se ele tiver dentro dele, sentimentos mesquinhos enraizados, uma mania de grandeza incrustada!

Porque se a alma for realmente boa, ela pode viver misérias, e ainda assim, se sentir feliz e grata.

Guardar tanto dinheiro para quê?

Muitos, dominados pela avareza, se justificam dizendo que precisam ter uma reserva “caso” aconteça alguma coisa “ruim”, uma doença na família ou até com ele, um acidente, algo negativo.

Esse pensamento de “prevenção” é comum e natural nos seres humanos, mas o avarento de verdade não guarda pouco para essas ocasiões não, eles guardam muito! Muito mais do que a situação exigiria!

E se por um infortúnio do “destino”, esse “algo errado” acontece, ele não sabe se sofre mais com a desgraça que o abateu, ou aos seus, ou pelo dinheiro que precisará ser gasto.

Uns avarentos dizem: “Viu! Esse dinheiro que todos reclamam de guardar é para isso, para essas situações!”, e se sente satisfeito por alguns segundos, logo depois, pensa:

“Quanto mais terei que trabalhar para recuperar todos esses gastos ”. E se queixa a Deus ou ao Inominável, por tudo que está passando.

A avareza se revela nele também através da mesquinharia! Ele acredita que os outros sempre devem algum favor, e cobra que o paguem, mas é um péssimo pagador.

Essa atitude não caracteriza somente a ganância em obter e zelar pelos seus bens materiais, mas também designa o medo que a pessoa avarenta tem em perder o que já possui.

Neste caso, a avareza é vista como um apego exagerado ao que se possui, além de revelar a incapacidade que a pessoa avarenta tem em conceber perdas, principalmente no campo material.

O avarento tem dificuldades em fazer trocas e investimentos, por exemplo. E possui uma crença de que a maioria dos negócios oferecidos serão desvantajosos, e que “quase” todas as pessoas, se puderem, lhe “passarão a perna”.

Filho de avarento, avarento será?

O vício pelo acúmulo de dinheiro quando é reconhecido em um pai, leva alguns dos filhos a sentirem que os bens materiais são mais importantes do que eles próprios. Sentimento esse que poderá levar muitos a se tornarem os famosos “filhos de pais ricos”, que não se esforçam para conquistar o próprio alimento, pois entendem que já possuem o suficiente.

Os filhos da avareza saem por aí gastando e esbanjando o dinheiro do pai com suas frivolidades. Tal comportamento, se torna um grande problema familiar, pode-se imaginar!

E se eles decidirem não seguir os mesmos passos profissionais, ou não possuírem ambição e ganancia como o “sovina” do pai, podem ser humilhados e rejeitados.

Essa ação do pai gera uma reação por parte dos filhos que se sentem subjugados e continuam a agir de maneira imatura e irresponsável.

O contrário também acontece: nota-se que “os filhos de pais ricos e avarentos”, que escolhem seguir as profissões dos pais bem-sucedidos financeiramente, quando alcançam as mesmas glórias que os pais, demonstram que, nesse relacionamento pai e filho, existiu e existe admiração e identificação com o propósito de vida desse pai, ou seja, “filho de sovina poderá vir a ser um sovina também”.

É claro que existem exceções.

Muitos não são afetados pela criação que tiveram, e não seguem os passos do pai. Sobrevivem ilesos a falta de atenção e a amargura provenientes do pai. Seguem suas vidas e até são boas pessoas! Alguns até criam fundações, ongs, institutos, pois acham injusto terem tanto e outros não terem nada. Outros recebem a carta de alforria, se tornam donos dos próprios destinos, ou simplesmente usufruem das regalias e não fazem mal a ninguém.

É difícil vencer a avareza! Mas o primeiro passo para a mudança é reconhecer-se avarento!

É preciso que o avarento se conscientize que não serão os bens materiais que os projetarão na sociedade, ou que os tornarão poderosos e felizes, mas sim a forma como se sentem e como tratam as pessoas que compõem essa sociedade.

A forma como você trata as pessoas diz muito sobre você.

E é essa maneira, esse “tino” no trato, que lhe trará bênçãos, ou martírios.

A sua dignidade, o seu caráter e a sua honestidade trarão muito mais riquezas a sua vida do que o dinheiro que você tem no banco.

Se tiver condições, experimente pagar um almoço para seu amigo ou para um necessitado, e sinta a energia de felicidade e gratidão que o compensará.

Exerça a caridade, não precisa dar muito, apenas o suficiente para não faltar para você e sua família, o que para nós é pouco, quando oferecemos com amor, para o outro, que nada tinha, na maioria das vezes, é muito!

Invista em negócios palpáveis que possa te trazer retorno financeiro, mas sobretudo, felicidade.

Podemos pagar pelo conforto, mas é impossível pagar para ser feliz. O dinheiro traz momentos de alegria, mas a felicidade é mais abstrata.

Trabalhar para pagar as contas e ter uma vida tranquila é bom! É importante! Para que o “aperto” não te traga tristeza. Mas não podemos deixar que a necessidade do “ter” se sobreponha a importância do “ser”.

Estamos nessa vida para deixar um legado, e o legado não está relacionado ao montante de dinheiro ou às riquezas materiais que adquirimos, mas sim, aos feitos que realizamos no sentido de melhorar a sociedade em que vivemos e a vida humana.

Mas é sempre bom lembrar: caixão não tem gaveta para guardar dinheiro, e dinheiro não tem alma para ser carregado para o outro lado.

Pensemos!

Foto de capa: Reprodução/J. Paul Getty, um dos maiores exemplos de avareza da história mundial. Um dos homens mais ricos do mundo, se negou a pagar o resgate do próprio neto quando o mesmo foi sequestrado.

*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com

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Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro. Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional. Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil. Lançou o livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ no Brasil, Angola, Espanha e Portugal.

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