Na minha jornada de mais de 15 anos como geriatra e também paliativista convivi e convivo com dezenas de pacientes no fim de vida. Já perdi as contas de quantos diálogos ímpares e repletos de significado vivi com eles.
Nesse congresso, conversando em casa com minha mãe e minha avó, falei que eu busco dar qualidade de vida e qualidade de morte aos meus pacientes.Minha mãe me olhou e disse ” nossa minha filha que triste isso não?”
Entendi exatamente o que ela quis dizer!
Expliquei a ela que triste é morrer no abandono e no sofrimento.
É sentir dor e não ser ouvido.
É estar repleto de tubos e fios num lugar cheio de tecnologia e vazio de alma.
Resolvi contar uma história…
Tive um paciente que tinha pavor de morrer. Ele sempre me dizia pra jamais deixa-lo em um CTI, que ele queria morrer em casa e segurando minha mão. Conversávamos muito sobre seus medos. Falávamos sobre sua vida, sua história, seus arrependimentos, suas pendências, suas culpas e suas alegrias.
Caminhamos juntos ate ele falecer… em casa e segurando minha mão!
Semana depois suas filhas foram ao meu consultório para , segundo elas, cumprirem o último desejo do pai.
Recebi um lindo arranjo de flores e uma caixa repleta de bombons. Ele disse as filhas que ao falecer eu deveria receber flores e bombons por ter feito a vida dele mais doce e mais florida…
As lágrimas rolavam copiosamente…
Isso resume tudo, absolutamente tudo que entendo de cuidados paliativos…
Posso não te curar, mas jamais irei te abandonar… até o fim!
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