A ciência médica está começando a reconhecer os benefícios da espiritualidade. A fé não tem apenas um papel nas patologias do “espírito”, mas estudos recentes observaram mudanças na expressão genética relacionada à oração. Segundo essas pesquisas, não há fé “melhor” e para isso não se leva em conta o que se acredita. Apenas a fé basta!
Por Antonio Giordano
O conceito de saúde de uma pessoa não é um fato totalmente objetivo, mas depende fortemente da cultura de referência e é influenciado por crenças individuais.
Nos países ocidentais, a saúde e o bem-estar das pessoas parecem depender significativamente dos critérios de eficiência e produtividade e de uma condição física e estética perfeita, que inclui o contraste com os processos de envelhecimento.
Chegamos a essa visão também graças ao progresso da medicina em que a possibilidade de diagnosticar uma doença com quase absoluta certeza, por um lado, garante estratégias extraordinárias de intervenção e cuidado, por outro, pode desencadear expectativas de onipotência com o risco de reduzir a pessoa e sua doença a um processo exclusivamente mecanicista.
Nas culturas orientais, por exemplo, não há separação entre mente e corpo, mas tentativas são feitas para salvaguardar ambos: a espiritualidade, neste caso, permanece central também para explicar os mecanismos biológicos.
Além disso, a própria Organização Mundial da Saúde definiu a saúde há várias décadas como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de doença ou enfermidade”.
A saúde, portanto, é o resultado de um equilíbrio dinâmico dentro de nós e em relação ao ambiente em que fatores biológicos, psíquicos, sociais, culturais e espirituais intervêm.
Em particular, a atenção ao componente espiritual e religioso da pessoa é um tema cada vez mais presente nas publicações científicas, pois a capacidade de lidar com a situação de vida diante do sofrimento físico e a conseqüente aceitação interna podem ajudar a combater a doença, influenciando o curso.
Em algumas pesquisas, surgiu que, acreditar em Deus, contribui para dar sentido à dimensão humana, melhora o estado depressivo dependente da dor física e, em alguns casos, melhora a eficácia da terapia.
Desde a década de 1990, vários centros médicos nos EUA começaram a considerar a espiritualidade como um elemento útil para as necessidades dos pacientes que influenciam o resultado dos tratamentos e sua qualidade de vida.
Estudos mais recentes realizados na Universidade do Missouri analisaram a conexão entre espiritualidade e saúde física e mental, examinando pacientes com fé católica, protestante, judia, muçulmana e budista.
Os resultados publicados no Journal of Religion and Health demonstraram que um alto nível de espiritualidade, independentemente do tipo de fé, está associado a um grau de neurose menor com efeitos benéficos em termos de maior extroversão e predisposição para o relacionamento com os outros.
A “cura” interior, entendida como a capacidade de enfrentar uma situação de doença à luz da fé, pode fornecer uma assistência valiosa ao paciente, sob muitos pontos de vista.
De fato, alguns estudos mostram que existe uma ligação entre a oração e os benefícios induzidos ao corpo, tanto que nos EUA fala-se da chamada “terapia da oração”.
O estudo mais recente, publicado no Plos One, analisa os perfis genéticos de 26 voluntários que nunca rezaram ou meditaram regularmente.
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Após oito semanas de “tratamento”, foram observadas alterações na expressão gênica que resultaram em melhora na atividade das mitocôndrias e na regulação glicêmica e até mesmo na redução da produção de radicais livres.
Além disso, houve também um benefício contra a inflamação crônica, responsável pela hipertensão, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.
De acordo com este estudo, não há fé “melhor” do que outra na geração de efeitos benéficos para a saúde.
Parece, portanto, não contar naquilo em que se acredita, mas a intensidade com que alguém se confia e se convence de receber amor e apoio de um Ser superior (ou mais Seres Superiores).
Cientificamente, poderíamos investigar mais profundamente as causas desses efeitos benéficos que provavelmente surgirão com mecanismos psicossomáticos.
Também estudos sobre o efeito placebo poderiam fornecer indicações interessantes, embora a busca empírica do nexo causal entre fé e bem-estar psicofísico pudesse “entrar em conflito” com crenças pessoais: dizer a um crente que seu bem-estar não depende de Deus, mas simplesmente de sua profunda “convicção” (ilusório para uma pessoa ateia) que desencadeia respostas psíquicas e biológicas (como uma espécie de “placebo espiritual”), poderia perturbar o sentimento comum.
Além disso, um ateu ou um agnóstico que escolhe dar sentido às suas vidas através dos valores da ética e da moral não tem necessariamente um menor esforço para lidar com a doença, assim como ser um crente poderia convencer o paciente de que é um doente após uma punição divina, desencadeando pensamentos autodestrutivos e efeitos contraproducentes que em uma pessoa ateia,
Certamente ter fé significa aprender a “descentralizar-se” em favor do relacionamento com Deus.
Mas, como Margherita Hack, convicta ateísta e materialista, é vegetariana por razões éticas e, segundo ela, “cristã” no que diz respeito aos comportamentos de vida e amor pela humanidade:
“Acreditar ou não acreditar é um ato de fé”.
Portanto, nossas profundas convicções, de qualquer natureza que sejam (espiritual, religiosa, filosófica, humanista ou secular), certamente influenciam o corpo e a biologia, para melhor ou para pior.
Talvez devêssemos dizer que a fé é o caminho que dá sentido à nossa existência em face do mistério da experiência neste planeta que nenhum de nós escolheu. E, precisamente porque têm a ver com as questões atávicas de ser homem.
*Com informações de Lavocedi New York. Livremente traduzido e adaptado: REDAÇÃO SEU AMIGO GURU.
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