Quando o respeito deixa de existir, é hora de repensar a relação!

Quando nos apaixonamos, tudo parece mágico. Quando vemos a pessoa amada, o coração bate mais forte, as borboletas se multiplicam no estômago e sentimo-nos ao mesmo tempo frágeis e fortes, capazes de tudo para conquistarmos a pessoa amada; o mundo é nosso e o universo cabe na palma de nossos sentimentos.

No início, quase sempre tudo são flores e, sendo assim, é esperado que no estágio inicial de um relacionamento, tenhamos a tendência em idealizar a pessoa amada e não perceber os seus defeitos.

Aqui cito alguns exemplos que podem configurar uma possível percepção distorcida, muito comum quando estamos apaixonados:

“Ela não é controladora, apenas não quer me perder”.

“Ele não tenta me isolar socialmente, quer apenas mais tempo de privacidade comigo”.

“Ela não cultiva o diálogo, porque afinal de contas, o amor fala mais alto e não só com palavras podemos dizer ao outro o quanto o amamos”.

“Ele não é agressivo, apenas teve um dia pouco favorável; depois tudo muda, ele volta “ao normal”, me manda flores e me faz um convite para um jantar romântico”.

“Ela faz aquela confusão porque você se atrasou, mas logo pede perdão, diz que te ama e que estava na TPM, te prometendo de “pé-junto” que a cena não vai se repetir.”

Relacionamentos interpessoais são complexos e um aprendizado constante.

Muitas das características citadas acima podem fazer parte de qualquer convívio.

Para a saúde de um relacionamento acontecer, as partes envolvidas devem assumir a responsabilidade por suas atitudes, o respeito é essencial, sempre revisitando as possíveis causas dos desajustes e refletindo quanto a melhor maneira de manter o equilíbrio e aprender com os erros.

Uma relação é um “contrato” feito por duas ou mais pessoas, onde a atitude de cada um não deve ultrapassar os limites do bom senso, do respeito e do equilíbrio.

É o dar e o receber afeto e companheirismo, pois, do contrário, o prognóstico relacional não é bom, e as chances das estruturas ruírem e das pessoas se machucarem são factíveis.

Sendo assim, esteja atento a estes sinais a seguir. Eles objetivam dar uma luz para você verificar se está (ou não) em um relacionamento toxico:

Te hostiliza e/ou humilha

Ele(a) deprecia o que você faz, não reconhece seus esforços e tenta te colocar em uma situação de inferioridade em relação a ele(a). Isto porque a pessoa que abusa normalmente teve uma história de abuso e maus-tratos, tendendo a reproduzir o mesmo em seus relacionamentos.

Extremamente ciumento, controlador e possessivo

Tudo que é extremo não é normal, não se tratando de comportamento protetivo, e sim possessivo. O tipo ciumento excessivo vai procurar bilhetinhos, vasculhar o celular para verificar alguma mensagem inapropriada, seguir a pessoa, etc.

Estes são sinais de que seu relacionamento está doente, pois a base de qualquer convívio é a confiança. Se você não confia no seu parceiro, tem algo de errado; vale a pena trabalhar este aspecto.

Utiliza-se de ameaças quando você subentende ou diz claramente que vai terminar o relacionamento

Pessoas controladoras e manipuladoras indubitavelmente são imaturas, egoístas e de baixa autoestima.

Toda relação manipuladora pode ser preditiva de prejuízos maiores, portanto, fique atento(a) quando ele(a) não respeitar sua decisão em por um ponto final na relação.

Birras, chantagens emocionais, agressões psicológicas, morais e até físicas, infelizmente, podem fazer parte do repertório do abusador(a).

Utiliza-se de chantagem emocional ou intimidações mesquinhas para conseguir o seu intento

Pessoas com perfil abusador em um primeiro momento geralmente são generosas, apresentando disponibilidade até mesmo para resolver seus problemas.

No entanto, isto pode não passar de estratégia para mascarar as possíveis reais intenções: conhecer suas fragilidades. Estas vulnerabilidades poderão ser utilizadas contra você no momento certo.

Portanto, não confie nas pessoas em um primeiro momento. Lembre-se do antigo ditado popular: “Para conhecer uma pessoa temos que, pelo menos, comer 1kg de sal com ela”.

Tenta te convencer que você está ficando louco(a), para ter razão

Mesmo que não tenha razão, a pessoa com perfil abusivo irá tentar provar de todos os modos que ele(a) está com a razão, nem que para isso diga que o parceiro perdeu a capacidade racional.

Além disto, se faz de vítima, fazendo o outro sentir-se culpado diante das situações que geraram o conflito.

Te afasta de amigos e familiares, reduzindo e empobrecendo seu universo relacional e sua vida social

É muito importante trabalhar a autoeficácia e independência, emocional e, principalmente, financeira.

Nunca dependa do outro para tudo.

Em relacionamentos abusivos, a redução da vida social tem o propósito de aumentar o controle e a manipulação contra você.

Não tem o hábito de cultivar o diálogo, e diante deste se “altera” com facilidade

Quando um dos parceiros procura o outro para discutir a relação, pode ser o estopim para uma briga. Isto deriva do fato de que uma pessoa com perfil abusador não vai querer de forma alguma que suas falhas ou defeitos sejam apontados.

Eles sempre procuram reverter a situação a favor deles, mas quando o aspecto “negativo” se torna plausível, eles “perdem a cabeça”. Sendo assim, evitam discutir a relação, pois isto ameaçaria tirá-los do comando ou controle da situação.

Apresenta arrependimentos transitórios, prometendo mudanças comportamentais que dificilmente se cumprem

Mudança de hábitos é algo que não acontece repentinamente, sendo necessário trabalho e envolvimento da pessoa para a modelagem de novos comportamentos.

Importante:

Não existe relacionamento sem conflitos, já que as pessoas são diferentes.

Além disto, nas dinâmicas relacionais, entram em jogo muitas questões, como uma dose de ciúme que nos faz sentir amados, aquela preocupação e atitudes protetivas que traduzem acolhimento.

As discussões, quando acontecem, devem sempre objetivar um ponto de encontro para o diálogo e o crescimento do casal.

Mas quando o respeito deixa de existir, é hora de repensar a relação, pois este é o campo fértil, não somente para a violência física, tão combatida no nosso meio social onde a maior parte das vitimas são, inquestionavelmente, as mulheres, mas existe também outros tipos de violência, tais como: a psicológica, a patrimonial, o preconceito de gênero, a violência moral e a sexual.

A terapia de casal é muito indicada, mas caso perceba que a relação chegou ao limite, medidas institucionais devem ser tomadas.

*Foto de Jonathan Borba no Unsplash

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https://www.facebook.com/FechamentodeCicloeRenascimento/?fref=ts Soraya Rodrigues de Aragão é psicóloga, psicotraumatologista, escritora e palestrante. Realizou seus estudos acadêmicos na Unifor e Universidade de Roma. Equivalência do curso de Psicologia na Itália resultando em Mestrado. Especializou-se em Psicotraumatologia pela A.R.P. de Milão.