De algum modo registrar o momento tornou-se mais importante que viver o momento.
Uma criança espera na beira da piscina. Antes de saltar na água ela quer que os pais a vejam. Grita, gesticula e implora por atenção. Seu comportamento precisa ser visto, aprovado e aplaudido, um traço inequívoco da necessidade humana de aceitação.
Acesse qualquer rede social e será fácil perceber como isso também aflige milhões de adultos. Sites como Facebook ou Instagram não passam de plataformas para que atividades ordinárias sejam divulgadas para que encontrem o tão desejado reconhecimento em forma de curtidas.
Acontece que – ao contrário do exemplo da criança – nas redes sociais o processo não ocorre na presença da platéia.
No palco virtual é preciso primeiro registrar o pulo na piscina para depois postá-lo.
Aqui a dinâmica de atrair a atenção dependente do registro.
É por isso que aquele ótimo show está cheio de gente empunhando celulares em vez de curtir as músicas.
De algum modo registrar o momento tornou-se mais importante que viver o momento.
Mas o que eu ganho se as minhas ações ocorrem só para chamar a atenção do público?
É melhor pular na piscina pela experiência em si ou para mostrar aos outros?
A resposta é sua. As conseqüências também.
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