Quando você não aprende com os seus pais, você é obrigado a aprender com a dureza da vida
Tudo aquilo que nos recusamos a aprender com o amor dos pais, seremos obrigados a aprender com a dureza da vida.
Meu primeiro aniversário como órfão, sem a presença de meu pai e de minha mãe, trouxe-me, além de um vazio imenso, reflexões sobre a importância de cada um deles em minha vida.
Eles continuam em mim, em muitos aspectos, como espelhos, remédio, cura, salvação e, sobretudo, aprendizado. Pais são eternos porque o amor deles continua nos empurrando, mesmo quando já se foram dessa vida.
Hoje, posso compreender tudo o que deles me aborrecia, posso aceitar tudo o que foram e são para mim, sem mágoa, sem rancor – e isso ninguém deveria viver sem se permitir.
Continuar requer levar consigo somente o que é bom, refletindo sobre o que foi ruim, para digerir tudo e deixar para trás o que não tem serventia.
Temos que perdoar os nossos pais, pois fizeram aquilo que podiam, com o que tinham, e é assim que a gente se perdoa também e continua nesse entendimento de mundo que nos torna melhores a cada dia.
Minha mãe era o sonho, meu pai era a realidade. Ela, ternura e aceitação; ele, força e movimento. Ela me via perfeito e exaltava todas as minhas qualidades, até as que eu só tinha em seu coração.
Ele me chamava à realidade, empurrando-me para encarar a crueza que a vida carrega em si. Ambos essenciais, tanto no alento de um, quanto no olhar do outro.
Meus erros se acalmavam no colo terno de minha mãe, enquanto me lembravam das consequências nas palavras de meu pai. A leveza dela e a firmeza dele uniam-se perfeitamente como lição de vida e motivação.
E eu sabia que me amavam. Eu demorei um pouco para aceitar que eles não eram perfeitos, mas que viviam para mim, por mim, porém, amadureci por conta dessas dúvidas, dos questionamentos, dos enfrentamentos que me levaram a respeitá-los e a ser por eles respeitado.
É no confronto que se firmam laços duradouros, porque, então, a gente se desnuda e se enxerga no que verdadeiramente existe dentro de cada um. E saímos todos mais vivos, mais fortes, mais gente de verdade.
Tudo o que os pais querem é ver seus filhos felizes e talvez aí resida sua maior fraqueza. Muitas vezes, os pais erram por excesso de amor, por não querer machucar, por evitar ver os filhos sofrerem.
Infelizmente, a gente precisa de limites, de dor, de frustração. A gente necessita se machucar para aprender a se curar.
A gente precisa cair, para saber como se levantar. Infelizmente, nem todas as consequências os pais nos permitem colher, porque nem o amor é perfeito. Nada é.
Meus pais me protegiam de muita coisa ruim do mundo, mas nunca, nenhum pai e nenhuma mãe conseguirão nos proteger de tudo, tampouco de nós mesmos. E um brinde a isso, pois lidar com nossas próprias escuridões nos salva de um perder-se sem volta, salvando-nos da vida, em vida.
Hoje, eu consigo ser grato pelos pais que tive, por tudo o que me ofereceram, material e espiritualmente, sendo exemplos de carinho, afeição, rudeza e imperfeição, tudo o que é do amor, na medida exata de meu coração.
Fica sempre uma sensação de que eu poderia ter feito mais, ter estado mais, ter falado mais, aprendido mais com eles. Mas eu os amei também como pude, com o que eu tinha, e amei muito. E eles sabiam, os pais sempre sabem.
Os pais não conseguem nos ensinar tudo, pois há muito amor envolvido, e aprender, às vezes, requer ausência de amor.
Mesmo assim, uma famigerada lição, a que ninguém foge, sempre acompanhará os filhos que ficam: tudo o que não aprendemos com o amor dos nossos pais, seremos obrigados a aprender com a dureza da vida.
Como eu sempre digo, é assim que a gente continua.
*DA REDAÇÃO SAG. Foto de Annie Spratt na Unsplash
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