Round 6: crianças podem assistir à nova série da Netflix?

A produção sul-coreana já é sucesso mundial entre adultos e crianças, mas especialistas alertam para o conteúdo violento e os impactos sobre os pequenos.

A série Round 6 (lançada mundialmente com o título Squid Game) já é a mais vista da história da Netflix. Em menos de um mês, 111 milhões de pessoas assistiram à produção sul-coreana. O recorde anterior era de Bridgerton que alcançou 82 milhões de contas em 28 dias.

Round 6 faz sucesso em todo o mundo, inclusive entre as crianças. E é exatamente isso que preocupa pais e especialistas em educação. A exposição dos menores à trama divide opiniões.

Do que se trata a série Round 6

Com classificação indicativa para maiores de 16 anos, a série gira em torno de um grupo de pessoas endividadas, com histórias de vida extremamente difíceis que são convidadas a participar de um concurso com jogos populares e infantis, como cabo de guerra e “batatinha frita 1,2,3”. O prêmio é atraente. Então, para conseguir faturar uma bolada, os competidores aceitam de tudo, até a possibilidade de morrer.

É aí que entram cenas macabras, de violência, sexo, tortura psicológica e assassinatos. No primeiro episódio, por exemplo, os jogadores são baleados por não pararem diante de uma luz vermelha.

Durante o desenrolar da produção há tiros a queima roupa e mortes. Os competidores não sabem que, se perderem, serão mortos. Para cada jogador “eliminado”, há uma quantia em dinheiro que vai para o prêmio final.

Escolas e especialistas alertam

Muitos especialistas em educação estão fazendo alertas aos pais diante do sucesso da série Round 6 entre as crianças. Em entrevista à Revista Crescer, a neuropsicóloga Deborah Moss falou sobre os impactos que a exposição a conteúdos violentos como esse provoca nas crianças e nos adolescentes.

“Alguns podem ficar impressionados, outros admirados. Mas falando especialmente de crianças pequenas, normalmente, elas podem ter pesadelos, medo de ficarem sozinhas, confundir realidade com ficção, ficarem ansiosas”, explicou a especialista.

Preocupadas com o fácil acesso de crianças à série, algumas escolas brasileiras chamaram a atenção dos pais para o perigo desse tipo de conteúdo.

Por exemplo: o serviço de orientação psicológica do Colégio Daulia Bringel, de Fortaleza, CE, fez um post no Instagram, dizendo que se sentia “no dever de alertá-los [os pais] sobre a importância de supervisionar os conteúdos que crianças e adolescentes acessam, tendo em vista que os mesmos ainda não têm a maturidade para lidar com vários temas expostos em vídeos, filmes e séries de classificação imprópria à idade deles”.

Para os especialistas, o que acontece em Round 6 pode ser facilmente transportado para a vida real dos pequenos, causando sérios danos. Isso acontece porque, em certas idades, as crianças não sabem diferenciar ficção de realidade.

Antes de proibir, conversar

Os especialistas também são unânimes em afirmar que, antes de proibir os filhos de assistirem à série, os pais precisam conversar com eles.

E esse diálogo deve começar pelo simples fato de que se deve seguir à risca a classificação etária da série. Há, de fato, inúmeros estudos que mostram a sinergia entre essa classificação, a produção audiovisual e o desenvolvimento cognitivo dos espectadores.

Por outro lado, caso o adolescente em idade bem próxima da classificação etária insistir em assistir, os pais precisam estar juntos dele.

Neste sentido, o palestrante e escritor Jaime Ribeiro dá uma dica: “perguntar se o adolescente quer assistir e, se positivo, cair pra dentro da maratona junto com ele!

Assim, você pode descobrir se seu filho ou filha curte ou não esse tipo de conteúdo. E, se ele(a) gostar, terá a oportunidade de conversar a respeito dos temas extremos com você, e não com o coleguinha da escola que não tem maturidade para orientá-lo”.

Violência nunca será bem vinda, mas o que está por trás? O que a série quer dizer nas entrelinhas? Que o adulto que não cresce, que é infantilizado, se torna dependente emocionalmente e financeiramente, e não consegue comandar a própria vida, assim, ele se mete em milhares de problemas na vida adulta, acaba endividado por não saber fazer boas escolhas sozinho.

Esse ensinamento é muito importante para crianças e adolescentes, pode ser que assistir a série não cause um impacto positivo em todas as pessoas, muito menos elas consigam chegar a essa conclusão que expus aqui, mas a intenção da série é trazer essa discussão até as famílias:

“Até que ponto você ajuda os seus filhos a se tornarem independentes?

Até que ponto você ensina a eles o uso correto do dinheiro?

Até que ponto você ajuda seus filhos a encontrar caminhos felizes e possíveis para que eles consigam fazer boas escolhas e não caiam na besteira de tentar ganhar dinheiro fácil na vida adulta?

Essa é a reflexão que os pais precisam fazer ao assistir a série, da necessidade de crescer e sair da zona de conforto para não cair em tentações da vida fácil que muitas crianças acreditam, mas quando chegam na vida adulta, sem terem amadurecido o suficiente, percebem que não é nada disso.

*DA REDAÇÃO SAG. Com informações Revista Crescer e Aleteia.

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