Há décadas venho buscando um amor a todo custo! Pensava que amar era servir e cuidar. Que para ser amor de verdade, precisaria esquecer de mim e colocar o outro em um pedestal de cuidados e atenção, como se ele não soubesse se cuidar sozinho.
Com essa atitude, sem perceber, colocava aqueles que eu amava em uma posição inferior a minha, e acabava agindo como se eu fosse superior… Inconscientemente eu pensava que se a pessoa precisa tanto assim de cuidado é porquê ele é incapaz. Mas eu não percebia que eu fazia isso…
Passava uma imagem de arrogância e prepotência, como se fosse melhor do que os outros… E por conta disso, muitas vezes fui humilhada por homens e mulheres, que decidiam me colocar no “meu lugar”. Ou seja, quem seria eu para querer ajudar o mundo e me preocupar tanto. Depois de alguns anos eu fui perceber que essa era a minha máscara de proteção para não encarar de frente os meus medos e as minhas tristezas, que se mantinham impregnadas às minhas lembranças de situações não resolvidas do passado…
Inconscientemente, enxergava aqueles que eu amo como sendo menores que eu. Acreditava que eu poderia, e o pior, que eu deveria ajudar, que minha função era solucionar todos os problemas daqueles que viviam ao meu redor, pai, mãe, irmã, chefes e amigos… Me colocava como salvadora dentro dos meus relacionamentos, tanto pessoais quanto profissionais.
E só após me permitir reviver todas essas memórias de dor que compartilhei com todos eles, entendo que um amor só é amor, verdadeiramente, se for vivido naturalmente, sem exigências de forma e modo de amar, porque cada um só pode dar o que tem dentro.
Entendi que o amor só é amor quando se respeita a individualidade do outro, quando se aceita a natureza imperfeita do outro, e principalmente, a nossa.
Aprendi que só amamos verdadeiramente quando finalmente deixamos de ser como um rio que corre rápido e limitado, atrelado às suas margens estreitas… e passamos definitivamente a desaguar amor como o mar, que se entrega a imensidão infinita, aceitando os novos horizontes!
Hoje sei que um amor só é lindo quando sentido com a alma de uma criança… “livre” de expectativas…, aceitando as pessoas como elas são, com suas limitações e verdades! Mas sobretudo, aprendo que a gente ainda não aprendeu a amar… Mesmo sabendo que todos temos o amor dentro, percebo que ainda precisamos aprender a acessa-lo verdadeiramente em nós… e principalmente… a expressá-lo ao mundo.
Todos querem um amor para chamar de seu, mas só consegue amar incondicionalmente quem aprende a desvincular o amor da perfeição!
Só amamos verdadeiramente quando entendemos que ninguém é perfeito, e permitimos que o outro mergulhe nas suas imperfeições, sem a necessidade de transformá-lo, pois são esses defeitos que nos fazem crescer como seres humanos, são eles que nos apontam os pontos que devem ser transformados em nós, aqueles pontos obscuros que ainda nos impedem de amar plenamente!
Aceite as imperfeições de quem você ama, sem apontá-las o tempo todo! Deixe que elas aflorem para que o outro as reconheça. Só quando reconhecemos as nossas próprias limitações é que entendemos a necessidade de buscar ajuda para transformá-las.
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