Todos os dias nos deparamos com os mais diversos desafios e a nossa autoridade de mãe será questionada, virada do avesso, desautorizada e reinventada.
Lembro-me, até hoje, da sensação de medo que me invadiu quando olhei para a bebé recém-nascida que dormia tranquilamente no carrinho ao lado.
Eu tinha acabado de chegar da maternidade e aqueles eram os meus primeiros minutos em casa com aquele “serzinho” que até há poucos dias estava dentro da minha barriga.
Comecei a pensar que a vida daquela pequenina dependia, literalmente, de mim. Ela alimentar-se-ia do meu leite nos próximos meses, e sua sobrevivência dependeria dos meus cuidados. Ali foi o meu primeiro contacto com o peso da responsabilidade materna.
Até então, não poderia imaginar o quão densa, penetrante e intensa é a maternidade, pois só conhecemos essa realidade quando damos à luz, ou temos nos nossos braços, pela primeira vez, o grande e mais arrebatador amor da nossa vida.
O tempo passa, podemos vir ou não a ter outros filhos, mas o ponto central e imutável da nossa existência passa a ser a tal responsabilidade materna que, aliás, vem acompanhada da culpa. Essa dupla é realmente infalível e jamais nos abandonará.
E todos os dias nos deparamos com os mais diversos desafios e a nossa autoridade de mãe será questionada, virada do avesso, desautorizada e reinventada.
Não é à toa que, muitas vezes, nos socorremos de leituras especializadas que nos dão dicas e conselhos de como desempenhar melhor o nosso papel de mãe.
Eu mesma já recorri a verdadeiros manuais de conduta, mas a minha energia arrefece diante de uma obstinada criaturinha de dois anos que se recusa a comer, ou de uma pré-adolescente questionadora e desobediente.
Nesses momentos, sinto vontade de calar os milhares de pensamentos que invadem a minha mente e dar um basta em tanto falatório interior.
Quando dou vazão a essa vontade, percebo que conduzo melhor a educação das minhas filhas, pois é quando uso o “meu” bom senso e a “minha” realidade para decidir o que deve ser decidido, afinal.
Na última linha o que vale mesmo é o que dita o seu coração.
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Claro que erro muito, todas as mães erram. Mas tratando-se dos nossos filhos, nós erramos ao tentar acertar, e isso, por si só, já nos torna merecedoras de perdão.
E haja perdão…
No meu dia-a-dia maluco de mãe, tento perdoar-me quando percebo que a minha pequena saiu de casa com o sapato esquerdo no pé direito, e vice versa, ou quando não reparei que as unhas da minha filha mais velha precisavam de ser cortadas, e eu simplesmente me esqueci ou, ainda, quando não tenho resposta para as perguntas inacreditáveis com as quais elas geralmente me bombardeiam.
Ainda assim, o primeiro pensamento que me vem à mente é: «Que tipo de mãe eu sou?». Mas rapidamente respondo-me a mim mesma: «Eu sou a melhor mãe que posso ser!» Nada mais. Nada menos.
Porque quem está comigo desde a hora em que abro os olhos até à hora em que os fecho para dormir, sou eu mesma. E eu sei o quanto há de batalha em cada segundo do meu dia para dar o melhor possível para as minhas filhas.
Perdida em todos esses pensamentos, olho para o relógio na mesinha de cabeceira e vejo que já é muito tarde. Apago a luz do candeeiro, suspiro de prazer ao sentir o toque macio do lençol na minha pele, fecho os olhos e… levanto-me rapidamente para ver por que a pequena esta a chorar no quarto ao lado.
Essa é a minha vida. Mas eu não a trocaria por nada!